A poucas horas do primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo, a expectativa é grande para pernambucanos e pernambucanas. Às 16h, o Brasil faz sua estreia contra a seleção da Sérvia, em busca do hexacampeonato mundial.
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Há torcedores que preferem reunir a família e amigos, mas outros preferem vibrar sozinhos. No comércio, os vendedores aproveitam a oportunidade para comercializar produtos temáticos. O verde e amarelo retornam às decorações e roupas, agora desvinculados do bolsonarismo.
"Tenho todo direito de usar minha camisa amarela"
Entusiasta do futebol, a pernambucana Beatriz Lopes tem aguardado com ansiedade pelo evento. Ela relembra histórias contadas pela sua mãe, Marta Rejane, sobre a Copa de 2002, em que Beatriz, ainda pequena, acordava a todos da família para ver os jogos. “Eu sou alucinada por futebol desde criança, é algo que faz parte da minha vida desde sempre”, conta. Por isso, é com animação que ela afirma estar na expectativa desde 1º de janeiro.
No entanto, nesta estreia, ela relata que apenas parte da família estará reunida. Segundo ela, após as eleições, os laços foram afetados. “Eu gostaria muito de assistir com minha família. Era uma tradição… A gente pintava a rua, era muito bonito. Mas isso mudou com as eleições”.
Ela confessa que estava desanimada porque não usava mais as cores do Brasil com a alegria de antes. Mas, de última hora, resolveu comprar a camisa amarela. “Eu até cogitei comprar uma camisa azul ou não comprar nenhuma, mas eu acredito que temos que parar de deixar que o movimento bolsonarista utilize de coisas que são de todos os brasileiros”, defende. “Eu sou torcida, eu sou brasileira, tenho todo e qualquer direito de usar minha camisa amarela”, desabafa.
"Eu acordo e vou dormir pensando em copa"
Já a pernambucana Laura Bitú está mais do que acostumada a ver jogos sozinha. Ela divide a casa com o pai e o irmão, que não gostam do esporte. “Eu sou a única que gosta aqui em casa. Essa relação vem do meu avô, que era fanático por futebol e pelo time dele”, partilha.
Em época de Copa do Mundo, a torcedora respira o campeonato. “Eu vejo todos os jogos, acordo e vou dormir pensando em copa”. Assistir sozinha para ela não é um problema, pois também aproveita para comentar com os amigos que curtem o esporte.
Como boa torcedora, ela é otimista. “Eu sou suspeita para falar, mas eu quero acreditar que vai dar Brasil”, afirma entusiasmada. A camisa da seleção já foi escolhida com carinho. “Eu escolhi a preta por estética, mas acho que temos que usar sim a amarela também. O nosso país vai trazer o hexa”, finaliza.
A escolha pelo Catar como sede
Recentemente, o governo do Catar afirmou que as bandeiras nas cores do arco-íris, que representam o movimento LGBTQIA+, podem ser confiscadas dos torcedores durante o campeonato. Essas e outras ações têm causado reprovação por parte de torcedores e comunidade esportiva a Fifa por sediar a Copa do Mundo no Catar, país com um histórico de violação de direitos humanos. O ex-jogador e comentarista esportivo Walter Casagrande afirmou que essa "é a copa da censura".
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A torcedora Beatriz Lopes rejeita a escolha. "O Catar não passa a ideia principal que um país sede tem que ter: a de ter os braços abertos para o mundo. O mundo inteiro vai assistir à copa, e o Catar não tem a característica de acolher às pessoas, não é um país preparado para a diversidade", critica.
Oportunidade para pequenos comerciantes
Mariana Clarissa é uma das criadoras de uma marca de acessórios em acrílico e está com a loja há pouco mais de um ano no Recife. A marca aproveitou o momento esportivo para fazer uma coleção temática de brincos, chamada Brasil nos Braços do Povo. "Esse é o primeiro ano que fazemos uma produção temática para a Copa do Mundo, mas se eu puder dar uma dica para outros empreendedores, é que aproveitem essas datas comemorativas", afirma.
Segundo a empreendedora, a loja conseguiu fazer muitas vendas no Recife e fora do estado. "A animação das pessoas está aumentando gradativamente após as eleições. As vendas estão mostrando isso", partilha. Ela acredita, ainda, que há um propósito no uso das cores e dos acessórios. "A gente acredita que a moda é uma forma de expressão, passa a nossa essência, passa uma mensagem".
Também no Recife, a empreendedora Kamylla Loyane leva adiante há cinco anos uma loja que vendes presentes criativos, entre eles, ímãs de geladeira, blusas e quadros. Desde o começo da Copa, os clientes começaram a pedir a venda de produtos temáticos. A loja optou por fazer blusas.
Abertamente progressista, o estabelecimento encontrou uma saída para quem não queria usar as cores da bandeira. "Muita gente se mostrou com muito receio de vestir o amarelo", conta. Por isso, optaram também por versões da camisa da seleção em vermelho e por versões amarelo e verde modificadas.
A empreendedora deseja sorte para o Brasil. "Que a gente siga com alegria no peito, sorriso no rosto e esperança por um Brasil campeão dentro e fora de campo".
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Edição: Vanessa Gonzaga