As queimadas nos biomas brasileiros tiveram um aumento considerável entre setembro e outubro deste ano. Segundo dados do Monitor do Fogo, do Mapbiomas, entre o dia 1 e o dia 30 de outubro, as queimadas no Brasil aumentaram 66%. Em apenas 30 dias, 3,4 milhões de hectares foram queimados; 1,3 milhão a mais do que no mesmo mês de 2021. Assista:
O sistema Monitor do Fogo é um mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019 e atualizados mensalmente, baseado em mosaicos mensais de imagens de satélite. O monitor revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas em todos os biomas brasileiros, facilitando a contabilidade da destruição decorrente do fogo.
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Segundo o coordenador do Mapbiomas Caatinga, Washington Rocha, questões naturais como o clima e o manejo descontrolado são fatores ocasionadores das queimadas.
“Geralmente o segundo semestre é onde apresenta o crescimento da queimada porque são as estações onde há uma redução da umidade. Como são estações mais secas e é exatamente a falta de umidade um dos componentes que propicia a apresentação dos incêndios. Além disso, a questão ligada ao manejo utilizando queimadas em algumas áreas, principalmente áreas de fronteiras agrícolas, contribuem com os números”, comenta.
Mas, para além destas questões, o coordenador afirma que ações criminosas também têm favorecido o fogo. “Outra causa crescente são as frentes de desmatamentos, na maioria das vezes ações criminosas. Indivíduos sem compromisso com a sociedade nem meio ambiente provocam incêndios para provocar desmatamentos”, reforça Washington.
Queimadas na Caatinga
As queimadas descontroladas e os incêndios florestais estimulam, de forma direta, as mudanças climáticas. O fogo mata a fauna e a flora, empobrece o solo e, em inúmeros casos, causa acidentes e perdas de propriedades.
Na Caatinga, bioma presente em todo o Nordeste, o mês de outubro foi o que apresentou maior área queimada para todo o ano de 2022, com 300 mil hectares queimados e um aumento de 134% em relação ao mês de setembro, principalmente nas áreas próximas ao bioma cerrado e no estado do Piauí.
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Recaatingamento
Há alguns anos, o Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA) tem realizado ações de recaatingamento do bioma junto às comunidades tradicionais.
Segundo o técnico Luís Almeida Santos, as ações de recuperação do bioma são intervenções agroecológicas criadas a partir da convivência com o Semiárido que, além de recuperar áreas degradadas, conserva áreas através do uso sustentável.
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“Essa conservação é um ponto importante porque através de um plano de manejo sustentável construído com metodologias participativas junto às comunidades, a gente busca a conscientização, a educação ambiental, para atingir os objetivos de melhorar a parte produtiva e consorciar isso com a conservação ambiental”, comenta.
A Caatinga é o bioma brasileiro de mais difícil restauração devido a irregularidade das chuvas e dos níveis de aridez do solo, por isso, reflorestar a caatinga representa um grande desafio social, científico e tecnológico.
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Edição: Vanessa Gonzaga