Melhorar a nossa cobertura vacinal será um dos grandes desafios do novo governo
No que tange à saúde, melhorar a nossa cobertura vacinal será um dos grandes desafios do novo governo a tomar posse no dia 1º de janeiro de 2023. Outrora reconhecido como uma das grandes referências com seu programa de imunização, o Brasil tem apresentado sucessivas quedas nos índices de vacinação da população já há alguns anos.
Só pra se ter uma ideia, dados do Ministério da Saúde mostram uma cobertura, em 2021, de 59% das pessoas vacinadas. Este dado em 2020 tinha sido de 67% e em 2019, de 73%. A meta para algumas das vacinas, para se ter uma ideia do tamanho do problema, gira em torno de 95%.
Encarar este assunto com a seriedade que ele merece, é essencial. Não existem explicações ou saídas fáceis para situações complexas como esta. Faço esta pontuação para adiantar que este é um problema com muitas causas e que não podem ser explicadas apenas por componentes relacionados ao desgoverno que o país tem enfrentado nos últimos 6 anos, especialmente após o impeachment da presidenta Dilma.
Se não é explicação única, tampouco este componente político pode ser desconsiderado, afinal, nem com Temer, nem com Bolsonaro, tivemos qualquer ministro da saúde que apresentasse o mínimo de conhecimento e compromisso com o SUS, como nos acostumamos a ver nos governos de Lula e Dilma. O Pazuello, que ocupou o cargo em boa parte do governo que agora se encerra, chegou a colocar de forma explícita que sequer conhecia o Sistema Único de Saúde.
Mas deixando esta questão política um pouco de lado, há outros elementos a serem considerados. Por exemplo, algumas das doenças, hoje ainda controladas graças à vacinação, não compõem mais o imaginário das pessoas como antigamente, afinal se tornou cada vez mais difícil ver as suas consequências na sociedade. Um exemplo é a poliomielite. Se até meados da década de 80, esta doença causava paralisia em 100 crianças a cada dia no planeta, com o passar dos anos deixou de ser um problema reconhecido. No Brasil, não apresentamos casos desde 1989. Mas com a queda vacinal, até quando manteremos estes números? Em 2021, menos de 70% da população alvo estava vacinada. Em 2015 este número estava por volta de 98%.
Em várias outras vacinas, a situação também é dramática. O novo governo terá um desafio enorme de ampliar e fazer chegar a mais gente o acesso a todo o conjunto de vacinas presentes no nosso calendário do Programa Nacional de Imunização. Mais do que disponibilizar os imunizantes, precisará também dar uma carga importante em campanhas de conscientização, como a do velho Zé Gotinha. O negacionismo científico cresce no mundo e também é um desafio para todos nós. Entretanto, tenho certeza que com intencionalidade política e com a força do Sistema Único de Saúde, voltaremos a vacinar mais e cuidar da saúde de nosso povo. Este é um dos compromissos fortes do novo governo de Lula e trabalharemos juntos por isso.
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.
Edição: Vanessa Gonzaga