Pernambuco

SEGURANÇA

Tragédia: PM mata esposa grávida e colegas de trabalho e depois se mata em Pernambuco

Policial efetuou sete disparos enquanto esposa dormia; terceira vítima, uma major, faleceu na tarde de ontem (20)

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O soldado Guilherme Barros matou a esposa gestante enquanto ela dormia e depois foi ao local de trabalho, onde tirou em quatro colegas, fazendo duas vítimas fatais - Divulgação

Nesta terça (20), uma tragédia chocou Pernambuco: o policial militar Guilherme Barros matou sua esposa, Cláudia Gleice da Silva, que estava grávida, com sete disparos enquanto ela dormia; depois, pegou um carro de aplicativo, onde ameaçou motorista durante o trajeto, e chegou no 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM), onde era lotado e atirou em quatro colegas de profissão e, no fim atirou contra si mesmo. 

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Dois policiais morreram. O tenente Wagner Souza veio a óbito ainda no 19º BPM e a major Aline Maria, baleada nas costas, chegou a passar por cirurgias, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu durante a noite. Um sargento e um cabo também se feriram, mas não correm risco de vida. Em nota veiculada nas redes sociais, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) lamentou as mortes do tenente e da major, que tinham 12 e 24 anos de corporação, respectivamente e decretou luto oficial de três dias pelo ocorrido. 

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), em nota pública, afirmou que "as forças de segurança estão de luto pela tragédia". Também de acordo com a secretaria, foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar os fatos ocorridos na sede do 19º BPM. Já o feminicídio de Cláudia Gleice da Silva, 33, companheira do soldado, morta em sua residência, no Cabo de Santo Agostinho, está sendo investigado pela 14ª Delegacia de Polícia de Homicídios da PCPE.

 

Grande Recife tem mais de 100 agentes de segurança baleados 

A tragédia entra para as estatísticas fazendo a Região Metropolitana do Recife superar a marca de 100 agentes vítimas de tiros e agora, contabiliza 105 agentes de segurança baleados nos últimos quatro anos, segundo dados da série histórica do Instituto Fogo Cruzado. 50 desses agentes morreram e 54 ficaram feridos. Há, em média, 25 agentes de segurança baleados por ano.

Para Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, esse caso é o reflexo da saúde mental dos agentes de segurança. "Os policiais militares são a categoria mais afetada pela violência armada e mais expostas aos traumas. Em quatro anos, representaram 68% dos agentes de segurança baleados. É preciso investir para garantir que estes casos não se tornem rotina".

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Dos 104 agentes baleados, 71 eram policiais militares: sendo 36 mortos e 35 feridos. Os policiais civis (14), bombeiros (5), guardas municipais (3), agentes penitenciários/socioeducativos (3), Aeronáutica (3), Exército (3) e Polícia Rodoviária Federal (1) também foram vítimas da violência neste período. 

Cecília acredita ainda que o dado chama atenção para a necessidade de produzir mais e melhor informação sobre a violência armada para desenvolver políticas de segurança eficientes. "O dado de mais de 100 agentes baleados assusta, mas precisamos ir além. Pernambuco carece de um plano de segurança que tenha foco em garantir a vida, sobretudo de seus agentes de segurança, como podemos ver", avalia.

Entre os 50 agentes de segurança mortos, cinco estavam em serviço, 25 estavam de folga e 20 eram aposentados ou exonerados. Dos 54 feridos, 20 estavam em serviço, 28 estavam fora de serviço, cinco eram aposentados ou exonerados e um não teve o status de serviço revelado.

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Edição: Vanessa Gonzaga