Pernambuco

CONTRA O TERRORISMO

PE: acampamentos bolsonaristas são desmobilizados e milhares vão às ruas defender a democracia

Depois de três meses, os acampamentos de grupos bolsonaristas em Recife, Garanhuns e Petrolina foram desocupados

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |

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Ato na capital pernambucana reuniu milhares em defesa da democracia e pela punição aos responsáveis por ataques - Foto: Rebeca Martins

Em resposta aos atos terroristas que aconteceram nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (08) o Governo de Pernambuco, na figura de Raquel Lyra (PSDB), se posicionou contra os ataques golpistas e garantiu a desmobilização de acampamentos bolsonaristas no estado nesta segunda (09). No mesmo dia, movimentos populares também ocuparam as ruas em defesa da democracia. 

Logo após os acontecimentos na capital federal, a governadora se manifestou em suas redes sociais, afirmando que as cenas de vandalismo vistas na capital brasileira foram inaceitáveis. Nesta segunda-feira (9), junto aos outros 26 governadores, Raquel Lyra viajou à Brasília para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O momento reuniu, também, presidentes da Câmara e do Senado, membros do Supremo Tribunal Federal (STF) e Procuradoria-Geral da República (PGR). 

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Na ocasião, os governadores reafirmaram o compromisso dos 27 estados da Federação com a democracia, mesmo os governadores que são de partidos que fazem uma oposição histórica ao PT, como é o caso do PSDB de Lyra. Estiveram presentes também os governadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Em sua visita ao Palácio do Planalto, Lyra pontou a tristeza de ver de perto a destruição do patrimônio público. “Viemos aqui ao STF para prestar a nossa solidariedade irrestrita aos poderes constituídos no Brasil, onde democracia, ordem e respeito aos poderes são valores inegociáveis”, declarou em vídeo. 

Desmobilização de atos antidemocráticos

Ainda em Brasília, a governadora afirmou que Pernambuco agiria de maneira integral com as forças operacionais de Polícia. Na noite da segunda-feira (9), seguindo a decisão do STF de desmobilizar os atos antidemocráticos em todo o território nacional, iniciou-se a desarticulação dos acampamentos bolsonaristas em Pernambuco. 

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No estado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou dois pontos de concentração de bolsonaristas. Um em frente ao 71º Batalhão de Infantaria Motorizada, na BR-423, em Garanhuns, no Agreste; outro no Comando Militar do Nordeste (CMNE), na BR-232, no Recife. 

Em Garanhuns, o grupo com 10 pessoas saiu de forma espontânea ainda pela manhã. A PRF informou que o local foi completamente desocupado às 15h. 

No Recife, o prefeito João Campos (PSB) informou que disponibilizaria os serviços municipais à disposição da governadora ainda pela manhã. Contudo, o desmonte demorou mais. No início da noite, um caminhão de mudança chegou na BR-232. As barracas foram desmontadas e o local esvaziado. 

Em nota ao Brasil de Fato Pernambuco, a gestão municipal reforçou o apoio na ação. “A Prefeitura do Recife informa que criou um grupo, formado por equipes de segurança, controle urbano, limpeza e procuradoria, para discutir a ação do município na desmobilização dos atos antidemocráticos na cidade, atendendo a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A Prefeitura também está em contato com outros órgãos, incluindo o Governo do Estado, para colocar estas equipes à disposição no que cabe ao município”. 

Havia, também, um acampamento instalado em Petrolina, sertão pernambucano, no 72º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército . O local também foi desocupado. 

Repercussão política em Pernambuco 

No estado, a maior parte dos parlamentares que conquistaram vagas na Assembleia Legislativa (Alepe) condenaram os ataques e cobraram punição. No entanto, alguns escolheram o silêncio e uma minoria declarou apoio aos golpistas. 

Dos 49 deputados estaduais eleitos em 2022, foram 15 os que nada comentaram sobre a situação até esta terça-feira (10). A grande maioria deles da bancada conservadora, que engloba os partidos PP, PL, UB, PSDB, REP e PATRI. 

Uma minoria, formada pelo pastor Júnior Tércio (PP) e Alberto Feitosa (PL), publicou mensagens de apoio aos atos terroristas em suas redes sociais. 

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A deputada federal Clarissa Tércio (PP), esposa do pastor Tércio, postou junto com ele vídeos com imagens dos manifestantes com a legenda "Brasília hoje, oremos pelo nosso Brasil". Após a publicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, em que rejeita a violência nos atos, o casal também recuou e mudou o tom do posicionamento. Horas depois, a legenda foi trocada. 

 

O coronel Alberto Feitosa (PL) também publicou imagens, nas quais chamou os golpistas de "patriotas", que estariam ocupando "pacificamente" o local. Repostou, ainda, publicação que afirmava que os responsáveis pela invasão aos três poderes eram "infiltrados", pois ações como as vistas em Brasília são "tática da esquerda". 


Feitosa qualificou os criminosos como "patriotas" / Foto: Reprodução/Instagram

Além destes, o deputado estadual Joel da Harpa (PL) publicou sua opinião através de uma entrevista a um blog. Ele afirmou que, apesar de ser contra vandalismos, não é possível generalizar a todos os bolsonaristas como terroristas. Ele qualificou como democrática as manifestações que ocorrem desde o resultado das eleições. "Temos muitos pais e mães de família que estavam pacificamente participando das manifestações. Aliás, há dias que a direita está na rua protestando de maneira ordeira e democrática", afirmou ao blog. 

Também em suas redes sociais, a codeputada das Juntas, Carol Vergolino, publicou que medidas serão tomadas contra os parlamentares que apoiaram a tentativa do golpe.

 

Outros parlamentares e figuras públicas repudiaram a conduta do casal Tércio, como foi o caso da deputada estadual Rosa Amorim (PT), a deputada estadual Dani Portela (PSOL) e o historiador e militante comunista, Jones Manoel.

 

 

Atos em defesa da democracia


Mobilização no Recife reuniu movimentos populares, sindicatos e partidos nesta segunda-feira (9) / Foto: Helena Heranças/BdF

A sociedade civil, movimentos populares, sindicatos e partidos também fizeram questão de demonstrar nas ruas a indignação com os atos golpistas em Brasília. Em capitais de todo o país milhares de pessoas fizeram parte dos atos em defesa da democracia. Na capital pernambucana, o ato aconteceu às 16h na Praça do Derby, zona central do Recife. 

Os atos exigiram que os responsáveis pela invasão sejam punidos e que não haja anistia àqueles que incentivaram ataques ao Estado Democrático de Direito mesmo antes do ato criminoso, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

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Jaime Amorim, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco, afirmou ao Brasil de Fato Pernambuco que a ação foi uma resposta ao ataque e uma forma de fazer uma disputa ideológica nas ruas. 

"A resposta tem que ser dada pelo governo, mas também pela sociedade como um todo, demonstrando nosso apoio ao governo e demonstrando também todo o nosso descontentamento e nosso repúdio ao que ocorreu. É importante que a gente volte às ruas. As ruas serão nosso campo de disputa das ideias”, declarou. 

Mayara Menezes, militante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), comentou o protagonismo feminino nas ruas ontem. "Quando essas pessoas antidemocráticas ameaçam e tentam deslegitimar o resultado das urnas, eles estão querendo deslegitimar também a nossa vontade, a nossa voz, então é importante as mulheres tomarem todos os lugares, porque se não tem mulheres, as coisas não acontecem", defendeu. 

O ato se encerrou na Rua da Aurora, no monumento Tortura Nunca Mais, com os manifestantes entoando palavras de ordem como "Sem anistia" e pedindo prisão aos criminosos. 

Ocorreu, também, ato em defesa da democracia em Caruaru, no Agreste do estado. A concentração aconteceu na Câmara de Vereadores do município, às 17h. 

Edição: Vanessa Gonzaga