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Há 29 anos, bloco Alerta Geral leva o samba para as ruas no carnaval baiano

O Brasil de Fato conversou com Diego Lopes, diretor do bloco, que garante: "A gente também tem muito samba!"

Brasil de Fato | Recife (PE) |
"A gente se sente bastante orgulhoso de levar essa cultura do samba para o carnaval", afirma diretor do bloco de samba Alerta Geral, Diego Lopes. - Reprodução

Quem pensa que o Carnaval da Bahia é só axé está muito enganado. Com o festejo de Momo batendo à porta, o programa Trilhas do Nordeste, do Brasil de Fato, passou pelos estados nordestinos onde a folia é tradição e conversou com Diego Lopes, diretor do maior bloco de samba que acontece em Salvador. O Alerta Geral está completando 29 anos de tradição e desfila nesta quinta-feira (15). Assista:

Brasil de Fato Pernambuco: O Bloco Alerta Geral quebra um imaginário de que o carnaval da Bahia é só axé. Como tem sido construir essa diversidade em 29 anos de história?

Diego Lopes: Isso é um ponto bem importante. O alerta está aí há 29 anos no Carnaval de Salvador. Se a gente for buscar lá as histórias antigas, Salvador já teve até escola de samba no seu Carnaval. O Alerta vem dessa tradição de um bloco que já existia lá no passado, chamado Alerta Mocidade que era um bloco que também trabalhava a percussão do samba, é como se fosse as baterias de escola de samba, as fantasias.

Com o decorrer do tempo o carnaval foi se modernizando e o Alerta Mocidade sentiu essa necessidade de transformar também, levar o samba para cima do trio elétrico. Foi aí que surgiu em 1994 o bloco Alerta Geral, levando o samba por cima de um trio elétrico e pra levar esse ritmo que é nosso para a maior festa de rua do planeta que é o carnaval de Salvador. Então a gente se sente bastante orgulhoso de levar essa cultura do samba para o carnaval, essa festa que é eclética com a mistura de ritmos, que hoje em dia tem crescido cada vez mais e fortalecido esse ritmo dentro do carnaval que tem muito axé, mas eu vou te garantir que a gente também tem muito samba.

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BdF PE: O carnaval de 2023 é muito significativo, o primeiro após a pandemia. Qual a expectativa de público e o que o Alerta Geral está preparando para este ano?

Diego Lopes: Está sendo um Carnaval diferente porque algumas pessoas ainda estão com insegurança, mas graças a Deus nas últimas semanas a gente tem percebido que tem criado corpo, tem criado um movimento bacana, as pessoas estão com vontade de ir para as ruas, de curtir o carnaval e a alegria que ele proporciona durante esses dias.

A gente está preparando um desfile bem bonito, se organizando para oferecer o melhor para o nosso associado, para o nosso folião. A gente está com a grade de atrações bem bacana com Xande de Pilares, que é uma atração nacional e um nome de respeito no meio do samba; a gente também está com Arlindinho Cruz, que é o filho do grande  Arlindo Cruz, que também já desfilou vários anos com a gente no Alerta Geral, mas infelizmente está passando por esse problema de saúde, então a gente tá trazendo o filho dele para poder fazer parte dessa festa; a gente está com Eduardinho, que é uma atração local já conhecida e consagrada em Salvador.

Esse trio de atrações vai fazer o nosso carnaval bonito, o nosso carnaval com alegria, com muito samba, que é o que o pessoal está querendo e precisando disso. Nesse momento agora que a gente está conseguindo ir para as ruas, a gente está conseguindo viver melhor agora depois dessa fase.


Bloco leva o samba para as ruas do Carnaval de Salvador há 29 anos / Divulgação/Alerta Geral

BdF PE: O bloco está passando por uma transição de gerações, de pai para filho. Quais são os principais desafios desse momento?

Diego Lopes: Na verdade, eu estou mais colado com o meu pai, eu sempre estive colado com ele, trabalhando. Somos sócios aqui, só que sempre ele foi a cabeça de tudo, ele sempre levou isso a frente, que é a paixão que ele tem, o amor que ele tem pelo samba. Inclusive, a gente está homenageando ele no bloco esse ano, ele é conhecido aqui como Arerê, então é “Arerê 50 anos de samba na avenida”. É como eu falei, com o surgimento do Alerta Mocidade, desde aquele momento ele já vem trabalhando com samba no carnaval. Estão contando de lá pra cá e ele está completando 50 já nessa luta, nessa batalha que é a paixão dele.

A gente está homenageando ele nesse carnaval de retorno e é o momento mais propício para isso. Eu estou colado com ele ajudando em todos os quesitos, o samba também é uma paixão minha desde criança, que a já escuta desde a barriga de minha mãe. Como eu falo, tenho uma paixão que passou dele pra mim e vai ser uma coisa natural agora eu estar com ele a frente cuidando das coisas e também trazendo esse ar novo da juventude, da modernidade. Tentando aos poucos trazer isso para poder a gente sempre oferecer o melhor pro nosso folião e trazer sempre o melhor desfile, a melhor apresentação para o carnaval de Salvador, que não deixa de ser uma grande vitrine. Não só localmente, mas também para todo o Brasil e para todo o Nordeste.

BdF PE: Para você, qual foi o ano do Alerta Geral que mais te marcou e por que?

Diego Lopes: Cada ano é uma emoção diferente, mas teve um ano que foi super emocionante, meu pai não estava muito bem de saúde. Ele como é um cara forte, um cara comprometido com o que ele se propõe a fazer, foi para a rua e botou o bloco. Ele desfilou e depois que terminou foi se recolher. Ali foi um ano emocionante porque eu vi a paixão que ele tem pelo samba, a paixão que ele tem pelo que ele faz.

Foi um carnaval que eu me lembro que foi maravilhoso, super de paz, de alegria, ocorreu tudo bem, o os associados estavam super felizes. Eu só não consigo te dizer qual foi o ano, me falha memória. Mas com certeza foi um carnaval que me marcou bastante porque mostrou a força e a paixão que ele tem pelo que faz. Isso com certeza passou para mim naquele momento, é um legado que eu espero poder no futuro honrar esse trabalho que ele está há vinte e nove anos fazendo no carnaval de Salvador.

BdF PE: Qual é o impacto do bloco Alerta Geral na formação e valorização da cultura popular baiana e como a presença no Carnaval tem influenciado outros blocos de rua e festividades na região?

Diego Lopes: O Alerta Geral foi o pioneiro para a quinta-feira de Carnaval botando o samba em cima do trio elétrico, e graças a Deus isso espelhou muitos outros blocos. Hoje a gente tem uma quinta-feira consagrada com diversos outros movimentos do samba levando o seu bloco pra rua, levando o folião que gosta de samba. A quinta-feira do samba já foi por três anos consecutivos o recorde de público pipoca, que é aquele folião de fora do bloco. Então, é um orgulho pra todos que fazem esse movimento durante o carnaval do samba e graças a Deus cada ano que passa vem surgindo outras entidades do samba, isso pra gente só soa positivo porque a gente está valorizando esse ritmo que é nosso, que é brasileiro, que é importante.

A gente está inserido nesses movimentos, nesses festejos como o carnaval de Salvador, quebrando sempre barreira que infelizmente tem algumas ainda. Com esse crescimento de outros blocos, a gente acaba ganhando mais visibilidade como eu estou aqui hoje falando com vocês. Para gente é super importante e eu vou aproveitar pra dizer que isso inspirou outras pessoas, inclusive a mim também. Junto com outro um grupo de primos meus, esse trabalho que meu pai fez inspirou a gente e em 2020 a gente acabou pegando outro bloco também samba pra criar. Então a gente está hoje com o bloco Alerta Prime também que faz parte da família do Alerta Geral.

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Edição: Vanessa Gonzaga