O Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, localizado no Recife, recebe uma exposição retrospectiva que celebra os 15 anos de carreira do artista visual Jonathas de Andrade. Assista:
Com o título "Na cidade da ressaca", a mostra reúne trabalhos de diferentes fases do artista, incluindo algumas obras inéditas em Pernambuco. Com curadoria de Moacir dos Anjos, a exposição proporciona ao público um panorama abrangente da poética do artista ocupando os três andares do museu.
A exposição apresenta uma seleção de trabalhos produzidos ao longo dos últimos 15 anos que estão agrupados de acordo com afinidades temáticas, explica Jonathas. “A exposição nasce olhando pra esses 15 anos de produção que aconteceram desde Recife, tomando Recife como cenário e Pernambuco como um lugar pra falar do Nordeste, da identidade, da cidade, das questões de urbanismo e das questões sociopolíticas identitárias que o Nordeste carrega”
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Entre as obras que compõem a exposição, estão instalações, fotografias e vídeos que convidam os visitantes a explorar a relação do artista com Pernambuco, o poder transformador da educação, a pulsão erótica e a insurreição contra o status quo.
O artista convida para uma reflexão sobre o pertencimento e o significado do nordeste em obras como "Museu do Homem do Nordeste" (2013) e "Nostalgia, sentimento de classe" (2012), que questionam memórias e ideais estabelecidos.
Jonathas de Andrade também desenvolveu projetos colaborativos com o Teatro das Heroínas de Tejucupapo, em Goiana, na zona da mata norte de Pernambuco.
Há 30 anos, o grupo encena a famosa batalha que resultou na derrota dos holandeses no século XVII, e Jonathas trabalhou em parceria com as integrantes para criar os projetos "Teatro das heroínas de Tejucupapo" e "A batalha de todo dia de Tejucupapo" (2022), que também estão presentes na exposição.
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Ele explica que parte da exposição é uma homenagem às mulheres que hoje vivem em Tejucupapo e tem a missão de preservar a memória da comunidade: “A obra ‘Batalha de Todo Dia” é um conjunto de objetos de três das mulheres de Tejucupapo que fazem o Teatro das Heroínas: dona Luzia que é a criadora do teatro, dona Elza e dona Severina. Então aqui, com os objetos cotidianos, prato, panela, pedaço de cana, a gente conta um pouco da história dessas mulheres e como elas resistem hoje”.
O Teatro das Heroínas de Tejucupapo, organizado pelas moradoras, é uma representação dos dias da batalha e é encenado anualmente na semana do dia 24 de abril, data em que o conflito foi registrado na história.
Jonathas também registrou cenas do espetáculo, que estão expostas. "Há 30 anos elas fazem um teatro que conta uma batalha contra os holandeses, no séc XVII, que foi liderado por mulheres e que elas persistem contando essa história numa perspectiva das mulheres com ascendência indígena, cabocla… e ver o público se emocionar é muito claro como hoje essa perspectiva a partir das mulheres está na mesma frequência da urgência que é ter essas vozes, que são historicamente negadas, assumirem essas narrativas e contar”, ressalta o artista. A exposição, que teve início em março, segue até junho deste ano.
A construção narrativa da exposição cativou também quem passa pelo MAMAM. A estudante Julia Souza expressou seu encantamento com a mostra. “Um calor, uma proximidade, um conforto. Porque realmente tudo aqui coopera para que a gente se sinta leve mas ao mesmo tempo surte aquele incômodo que, se certa forma, há uma diversidade mas ao mesmo nada nos distancia, é tudo muito próximo”, diz.
Outra visitante, Aline Mendes destacou a relevância do trabalho do artista e comemora a quantidade de pessoas que foram prestigiar: “Eu fico feliz, primeiro, de ver um museu tão importante na cidade estar sendo frequentado. Hoje mesmo tem bastante gente aqui, é um programa gratuito, uma exposição dessa qualidade no centro da cidade, fiquei muito feliz com essa oportunidade e de não precisar ir pra outro lugar pra fora de recife pra poder viver isso”, comemora Aline.
O Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM) fica na R. da Aurora, 265 - Boa Vista, e funciona das quartas-feiras aos domingos, das 10h às 16h. A entrada é gratuita.
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Edição: Vanessa Gonzaga