O São João é uma das festas mais tradicionais e aguardadas do Nordeste brasileiro. Além das manifestações culturais e das comidas típicas, a temporada junina também é marcada pelo trabalho intenso de vários profissionais. Assista:
Nessa época, o mercado culinário é um dos mais atrativos. Além das comidas feitas com milho, as bebidas ajudam a diminuir o frio das noites juninas. Na Associação Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado, na cidade de Curaçá, na Bahia, são produzidos licores com sabores típicos da Caatinga, como é o caso do licor de palma, carro-chefe da Associação. Para quem não conhece, a palma é um tipo de cacto presente no bioma, que é exclusivamente brasileiro e que por muito tempo foi utilizada somente para a alimentação animal.
Cristiane Ribeiro, presidenta da Amafe, reforça a ajuda financeira que a venda dos licores traz durante essa época. “Os licores têm contribuído muito com a renda das agricultoras, não só com a minha atividade, mas de mulheres, não apenas as que estão na produção direta no contexto da unidade de beneficiamento, mas também das mulheres que tem um quintal produtivo e elas fazem esse trabalho de remanejamento e essa renda fica nessa aquisição e a renda vem agregando esse valor dos quintais produtivos, das ideias dessas mulheres.
Já Rosângela Lopes trabalha há 38 anos no Parque do Povo em Campina Grande, na Paraíba. Ela começou aos quatorze anos ajudando uma tia e, depois, se juntou à irmã para criar a própria barraca.
A vendedora relembra como foi esse processo: “eu comecei com 14 anos trabalhando com ela. No mesmo ano, eu já coloquei barraca para mim. Quem fez o cadastro para mim foi minha irmã mais velha, que na época tinha 18 anos e ficamos nós duas trabalhando juntas. Com o tempo ela saiu e eu continuei”.
Para que a festa seja um sucesso, trabalhadores e trabalhadoras do são joão de campina grande começam a se organizar muito antes do mês de junho. Neste ano, o maior são joão do mundo tem 32 dias de festa e Rosângela é quem explica essa preparação. “A gente não trabalha um mês em si, a gente começa 15 dias antes da festa e trabalha mais 10 dias depois da festa, porque tem toda organização. Quer dizer, nós trabalhadores do Parque do Povo, nós trabalhamos mais ou menos três meses para tudo", conta a vendedora.
Nascida e criada em Campina Grande, Rosângela vê no São João uma grande oportunidade para fazer uma renda extra que vai ser utilizada durante todo o ano.
A campinense conta o que essa festa representa na vida dela. “Quem vive de salário mínimo com um pequeno comércio como eu vivo, a gente vive para pagar as contas do dia a dia. Esse extra que a gente faz no Parque do Povo, no maior São João do mundo, é para a gente comprar, trocar um transporte, ajudar o marido de uma reforma numa casa, ajudar um filho numa formação na universidade, ajudar uma filha no que ela deseja ter. Vou realizar sonhos, vou conseguir o que eu quero, meus objetivos, mas também é uma festa que me preenche, é uma festa que eu não sei como viver sem”, conclui Rosângela.
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Edição: Vanessa Gonzaga