Fundada em 2021, a Cozinha Solidária Vila Santa Luzia, no bairro da Torre, no Recife, serve almoço de segunda a sexta-feira para 123 famílias cadastradas. A cozinha foi organizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que já criou outras 37 cozinhas em dez estados brasileiros, de acordo com o movimento. Assista:
A dona de casa Josefa Maria é uma das beneficiadas e aprova a qualidade das refeições oferecidas no local. “Eu gosto da comida. A comida é boa. Quem adora é meu menino.Dá pra mim, a minha neta e ele. Ele come, eu como um pouquinho, minha neta também come. Dá para nós três”, afirma a dona de casa.
Na Cozinha Solidária Vila Santa Luzia, no Recife, funciona assim: Moradores e moradoras da área deixam suas marmitas no começo da manhã; e perto do meio-dia, voltam para buscá-las; dessa vez, cheias de alimento.
A coordenadora estadual do MTST Pernambuco, Edilene Correia, que é conhecida na vila como Branca, explica melhor o funcionamento da cozinha: “Hoje eu coordeno a cozinha e, atualmente, trabalham três pessoas. Nós começamos com 350 famílias. Hoje nós estamos atendendo 123, porque muitos conseguiram emprego aí a situação melhorou um pouco, então, deixaram de vir, mas mesmo assim não deixa de ter gente” diz a coordenadora..
Outra beneficiada é a agente de reciclagem de materiais Maria do Carmo Bezerra, que pela rotina corrida, opta por almoçar na cozinha. “Trabalho aqui perto, não é toda vez que a gente tem comida em casa e quando tem não dá tempo de cozinhar, de a gente comer. E aqui já é prontinho, tudo limpinho, tudo organizado”.
Leia: MTST e Frente Povo Sem Medo realizam ações de denúncia contra atos golpistas e financiadores
Além da cozinha solidária, o local tem uma salinha de estudos infantil e uma horta, que surgiram a partir das necessidades das famílias beneficiadas e que vivem no entorno
Branca fala sobre como essas outras iniciativas funcionam no espaço. “Nós temos 30 mulheres daqui da Vila Santa Luzia e elas plantam, produzem alimentos para elas mesmas levarem para casa e pra gente consumir aqui dentro também na nossa alimentação”.
Para que as mulheres tivessem mais tempo para cuidar da horta, foi montada a sala de estudos “Temos uma salinha para pôr essas crianças, porque elas [as mulheres] têm netos, aí elas trazem pra cá. As crianças ficavam muito ociosas aqui dentro, então, nós resolvemos abrir essa salinha de estudos”, explica a coordenadora do MTST. Além desse espaço, o movimento pretende começar a oferecer aulas de capoeira e outras atividades para terceira idade, como costura e crochê.
Para isso, Branca ressalta que o movimento precisa de ajuda. “Precisa que os colaboradores cheguem mais juntos, porque é difícil,a luta é grande, né? A gente não para correndo atrás que é para melhorar”.
Ela projeta a expectativa de regularização do espaço com o poder público: “Quando a gente ocupou deu muito trabalho pra gente deixar como está hoje e a gente está na luta aí com a Prefeitura para ver se a gente consegue realmente ganhar o espaço para a gente prosseguir com as nossas atividades”, finaliza.
Atualmente, a cozinha solidária funciona através de doações. Para doar é simples: basta fazer um pix para o e-mail [email protected]
Leia também: Combate à fome: cozinhas populares de movimentos estimulam organização comunitária no Nordeste
Edição: Vanessa Gonzaga