A diversidade dos sabores e receitas durante o período junino é uma das maiores características das festas de São João. As comidas que têm como base ingredientes como o milho, amendoim e coco já são tradição nas mesas da festa, e dividem espaço com as bebidas típicas, a exemplo dos licores. Assista:
Em Juazeiro, município no norte da Bahia, é possível encontrar licores feitos por agricultores e agricultoras familiares, respeitando a biodiversidade, utilizando ingredientes locais, gerando renda e deixando a festa ainda mais saborosa.
O produto sazonal já era feito nas comunidades e vendido por lá, mas agora chega a um público diversificado. é o que explica Denise Cardoso, que coordena o Armazém da Caatinga, onde os licores são vendidos. “Muitas das cooperativas já produzem, principalmente nessa época de são joão, outras cooperativas produzem o ano inteiro e a gente consegue colocar aqui no Armazém. No São João a gente resolveu trazer uma diversidade maior, principalmente pensando nesse potencial para o público consumidor, tanto para os turistas, quanto as pessoas que moram em Juazeiro e Petrolina”, explica.
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Além dos sabores mais tradicionais, como maracujá, jabuticaba e amendoim, agora é possível consumir os licores de frutos da caatinga, como o umbu, jenipapo, e a palma, um tipo de cacto que é mais conhecido por ser utilizado para alimentação de animais, mas que agora passa a fazer parte da mesa de comidas juninas.
Do agricultor ao cliente
Os licores estão sendo vendidos desde o início de junho no Armazém da Caatinga, um estabelecimento que se dedica a facilitar o acesso da população da cidade ao que é produzido pela agricultura familiar na região do Vale do São Francisco.
Inaugurado em abril de 2022, o Armazém da Caatinga fica às margens do rio São Francisco e é uma vitrine da diversidade da agricultura familiar em uma região onde o agronegócio é dominante. Além dos licores, no local é possível encontrar geléias, doces, cervejas, alimentos como a carne de carneiro, temperos, laticínios e o famoso cuscuz agroecológico.
Para Denise, o local tem uma importância política ao visibilizar o que é produzido fora da cadeia do agronegócio. “A representação desse espaço, aqui no Semiárido é um contraponto a todo o desenvolvimento que é pregado de uma outra forma. É a gente dizer que a agricultura familiar tem sim um potencial incrível de produção, de comercialização, de todo o fomento da agricultura familiar como um todo”, afirma a coordenadora.
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Com experiência na gestão de cooperativas como a Coopercuc, Denise também ressalta que ferramentas como o Armazém ajudam a mostrar a viabilidade da agricultura familiar no Semiárido. “Há 15, 20 anos a gente não tinha dimensão da diversidade da agricultura familiar, desde a quantidade de produtos que a gente consegue ofertar, até a diversidade, os diferentes tipos que a gente tem”, ressalta.
Quem se interessou pelos licores e pelos outros produtos vendidos no Armazém da Caatinga, mas não mora no Vale do São Francisco não precisa ficar triste: o estabelecimento entrega para todo o Brasil através das vendas no site armazemdacaatinga.com.br.
Para quem vive ou pretende visitar a região, o armazém da caatinga fica na rua Aprígio Duarte, Nº 1916, na Vila Bossa Nova, na Orla de Juazeiro.
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Edição: Vanessa Gonzaga