A fome é, hoje, um dos maiores problemas sociais do Brasil. Só em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. A média nacional é de 15,5% das famílias em situação de insegurança alimentar grave. A média regional no Nordeste é de 21%. Assista:
Olhando para essa realidade, diferentes iniciativas vêm sendo impulsionadas, como os acordos do Governo Federal com o Consórcio Nordeste para o Plano Brasil sem Fome, e a consolidação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), além de iniciativas impulsionadas pelos governos estaduais.
Uma delas está em processo no Ceará. Em junho, o Governo do Estado lançou o programa Ceará sem Fome. Durante o lançamento, o governador Elmano de Freitas (PT), fez a entrega dos primeiros 47 mil cartões do programa no valor de R$ 300,00 reais. Essa quantia será depositada durante sete meses.
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O governador falou sobre a importância do programa: “Que a partir do recebimento do seu cartão, do recebimento do apoio das cozinhas, das unidades que vão produzir refeição, ela vão saber que têm o que comer hoje, amanhã, depois de amanhã, depois de depois de amanhã pra ela e pro seus filhos”.
Outra iniciativa impulsionada pelo programa Ceará sem Fome são as cozinhas solidárias, que começaram durante a pandemia de covid-19 com a participação fundamental de vários movimentos populares. A convocação das entidades que vão integrar o programa está sendo feita através de um edital, que pode ser acessado clicando aqui.
Uma dessas iniciativas é do Instituto Construindo Arte, o Inca, que fica no bairro Jardim Iracema, em Fortaleza (CE) e abriu sua cozinha à população e serviu 100 refeições diárias só nos mês de junho.
A coordenadora geral do Inca, Vera Araújo, fala das refeições, que tiveram o cardápio adaptado para o período junino. “A gente abriu agora no São João, a gente serviu o baião de dois que é conhecido aqui no Ceará que é feijão com arroz, né? Uma farofa e um creme de galinha, né? Que é uma comida bem regional da gente que é servido neste período de São João” diz a coordenadora..
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Atualmente, o instituto só consegue fazer 100 refeições mensais. Para potencializar o trabalho da cozinha, o investimento na estrutura é uma necessidade.
Vera comenta as necessidades atuais da cozinha: “A gente tá necessitando de um fogão industrial, a pia, os azulejos, um piso adequado, essa coisa do exaustor, que são as necessidades básicas que necessita para uma cozinha ser uma coisa mais profissional, né”, elenca.
Para além de buscar ajuda com os órgãos públicos, a cozinha também recebe o apoio da sociedade para continuar funcionando. Para ajudar o Inca e outras cinco cozinhas que integram a rede, basta fazer um Pix para o e-mail [email protected]
Enquanto isso, várias instituições aguardam o resultado do edital de R$ 87.000.000,00 lançado pelo Ceará sem Fome.
A previsão é de que, com esse dinheiro, mil novas cozinhas sejam criadas e 100 mil pessoas sejam alimentadas todo dia. O resultado do edital do programa será divulgado no final de agosto.
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Edição: Vanessa Gonzaga