Pernambuco

ARTE

Escadaria Atelier Coletivo reúne artistas periféricos e movimenta a cena cultural do Recife

Fundado em outubro de 2021, o atelier é composto por 14 artistas de diferentes regiões do estado

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Escadaria Atelier Coletivo reúne artistas periféricos de diferentes regiões de Pernambuco - Divulgação/Escadaria Atelier Coletivo

Localizado no Edifício Douro, no coração do Recife, o Escadaria Atelier Coletivo tem se tornado um ponto de referência e uma plataforma essencial para artistas periféricos expressarem sua arte. Assista:

Fundado em outubro de 2021, o atelier é composto por 14 artistas, a maioria deles de Pernambuco, residentes na Região Metropolitana do Recife, mas, o espaço também acolhe profissionais de outros estados brasileiros.

Com as artes plásticas como principal linguagem, o atelier se destaca pela diversidade de expressões artísticas, incluindo arte têxtil, fotografia, escultura e design. Essa variedade de formas artísticas permite aos profissionais explorar suas identidades e visões de mundo de maneira única e autêntica.

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Como Bisôro, artista que faz parte do coletivo e é natural de Camaragibe, no Grande Recife. Nas suas obras em telas e tecidos, Bisôro evidencia o ritmo do corpo negro ao mesmo tempo em que reivindica visibilidade e espaço.

“O produto final é a pintura, mas eu parto de um processo performático, antes de qualquer coisa, e enxergo esse processo performático bem mais que o produto final. Então, a pintura é construída através de um processo quase que de dança, na qual eu pego o carvão com as mãos e vou criando esse movimento”

Criado como uma resposta à necessidade pandêmica de conexão humana e expressão artística, o coletivo transformou o ambiente do Edifício Douro em um espaço expositivo, onde obras finalizadas e em processo ganham vida e compartilham narrativas diversas.

Bisôro reafirma que sua produção tem total relação com sua origem periférica “Essa arte tem esse sentido, vem desse lugar de periferia porque meu corpo vem desse lugar. Então há dificuldade muitas vezes de falar sobre isso por não ser uma coisa tão explícita, mas está muito presente porque meu corpo está sofrendo essas influências de raça no mundo e aí há a necessidade de continuar falando sobre isso”, reflete..

A arte de Xinga Xow, por exemplo, o tema da transsexualidade ganha inúmeras representações, uma forma de expressar a diversidade de gênero e de visibilizar outros corpos. “É um ateliê majoritariamente dissidente em várias questões, seja de raça, seja de sexualidade, seja de gênero. Por sermos esses corpos marginalizados a gente se encontra nesse espaço e por ser artista, mais marginalizado ainda”, ressalta a artista.

Essas iniciativas não só oferecem oportunidades para que os artistas exponham seus trabalhos, mas também criam um ambiente de colaboração e aprendizado mútuo. Xinga Xow reforça a força deste tipo de iniciativa “porque a profissão é muito colocada nesse lugar, e aí a gente de encontrar nesse meio termo é muito reconfortante. Sentir que tem pessoas que estão fazendo as mesmas coisas que você, tem as mesmas questões com o mundo e com o trabalho é incrível”, afirma.

Dessa forma, o coletivo busca revelar ao público a produção da nova cena de artes visuais de Pernambuco, dando destaque aos talentos periféricos muitas vezes negligenciados pelas instituições artísticas tradicionais.

Ao oferecer um espaço de expressão, suporte mútuo e visibilidade, o coletivo ajuda a romper barreiras e a ampliar as vozes daqueles que por muito tempo foram marginalizados no cenário artístico. Para conhecer os artistas e as produções presentes no atelier, acesse as redes sociais @escadariaatelier.

 

Edição: Vanessa Gonzaga