A sétima edição da Marcha das Margaridas foi belíssima e encheu Brasília de esperança
Não existe nada mais forte do que uma marcha de mulheres. Cada vez que participo de uma, acredito mais na força que nós temos de reconstruir o mundo. Este ano, a sétima Marcha das Margaridas, passeata feminista histórica pela igualdade de gênero que acontece em Brasília, foi mais do que especial. O tema desta edição, nos dias 15 e 16 de agosto, foi “Pela reconstrução do Brasil e do Bem Viver”, nada mais consonante com o momento histórico que estamos vivendo.
Reconstruir o Brasil é a mais urgente e coletiva das tarefas. De todos, todas e todes. Fomos submetidos, na era Bolsonaro, a um desmonte histórico de políticas públicas aliado a um retrocesso social imenso, estimulado pela extrema direita. A violência política dominou os nossos dias, sem contar com o caos da pandemia e os inacreditáveis desmandos do ex-presidente. Um período nefasto, ainda mais para as mulheres. Os índices de feminicídio bateram recordes, a rede de proteção ficou sem investimentos e ficamos à mercê da ministra Damares Alves que trabalhava para afundar o nosso barco na enchente do patriarcado.
Marchar em Brasília, esse ano, sob o governo Lula, teve um significado diferente. Além de celebrar esse Brasil que tem tudo para ter um futuro alvissareiro, foi também uma forma de unir as mulheres do campo, das cidades, das florestas e das águas desse país para defender a nossa democracia. Para lutarmos, juntas, por mais educação, cultura, o direito à moradia digna e saúde para todas nós. Sempre digo: não há projeto de felicidade coletiva enquanto uma mulher morrer apenas por ser mulher. Só podemos falar em bem viver quando a igualdade de gênero for uma realidade dentro e fora das nossas casas. E para isso, marchamos pelas ruas de Brasília, uníssonas: “é o querer, é o querer das Margaridas!”.
E nossos gritos foram ouvidos pelo presidente Lula e sua equipe ministerial! Foram vários os anúncios do governo: o Plano Nacional de Prevenção ao Feminicídio, o Plano Emergencial de Reforma Agrária e o retorno do Programa de Apoio à Conservação Ambiental (Bolsa Verde), todos eles priorizando as mulheres. Uma série de medidas que dão luz ao nosso papel diário na reconstrução do país, seja nos quintais agroecológicos que alimentam a cidade, no direito à moradia digna para nossas famílias, na qualidade de vida para as que estão no campo, nas florestas e, principalmente, o que mais urge: o combate à violência de gênero. Ações robustas de uma gestão que nos reconhece e nos enxerga como peças fundantes do Brasil.
Durante dois dias, acompanhei diversas atividades da Marcha, presenciando uma troca intensa de experiências que ajudam a manter acesa a chama do feminismo. Encontrei diversas companheiras de luta do meu estado e de todo o país, mulheres que me inspiram e me instigam a continuar nessa luta árdua, mas necessária. Caminhei ao lado de diversas camaradas do meu partido, o PCdoB, que luta todos os dias para consolidar a frente ampla que garantiu a democracia no Brasil e que agora se concentra nas conquistas para nosso povo.
Fui para a Marcha representando a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, que eu presido aqui na Câmara Municipal do Recife. Levei como referência nosso trabalho cotidiano para melhorar a vida das mulheres, com Leis e iniciativas que trilham um futuro próximo de igualdade e amplo acesso a direitos para todas as recifenses.
Há 23 anos, Margarida Alves segue sendo símbolo de resistência e empoderamento. Uma mulher nordestina, sindicalista, que não mediu esforços para lutar pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo. Vamos manter seu nome, sua história e sua luta vivas. Vamos manter vivo seu legado. Sigamos imbricadas nessa força-mulher. Não só em Brasília, mas por todo o Brasil. Sigamos atentas, em marcha, unidas, focadas no Brasil que queremos construir de forma ampla, diversa. Um Brasil-mulher. Somos todas Margaridas!
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.
Edição: Vanessa Gonzaga