Nas eleições de 2022, uma das grandes expectativas em relação ao novo governo Lula era a forma como o presidente eleito iria lidar com a situação de privatizações que envolviam a Petrobras e a questão da soberania nacional como um todo. Com posicionamentos antagônicos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o petista sempre defendeu a manutenção da estatização da empresa petrolífera. O assunto toma maiores proporções com a direta ligação entre Petrobras e as possibilidades de energias renováveis em tempos de crise climática.
Passado quase um ano da sua eleição, o Brasil de Fato Pernambuco conversou com Diego Liberalino, que é diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Petróleo de Pernambuco e da Paraíba (SindipetroPE/PB) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para entender qual o balanço do primeiro ano de governo Lula em relação ao tema. Confira:
Brasil de Fato: Diego, no último período têm-se debatido muito sobre as mudanças climáticas e os impactos dos combustíveis fósseis no aprofundamento dessa crise. Como os Petroleiros têm se debruçado sobre essa temática?
Diego Liberalino: Isso é um debate que tá na ordem do dia. Nessa questão das mudanças climáticas, com diversas ocorrências no Brasil, não tenhamos dúvida que a Petrobras tem um papel, o dever e a capacidade de liderar esse debate da transição energética no nosso país. E que essa transição coloque também no centro do debate os trabalhadores. Foi criada uma diretoria específica para isso, a "Diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis", para trabalhar justamente esse tema com diversas inovações nos nossos parques de refino. Inclusive, estamos passando por um processo de modificações nas refinarias existentes para ajudar na redução da pegada de carbono e outros projetos, como foram agora aprovados no próprio "Plano de Negócio de 2024 a 2028". Também uma sequência de investimentos importantes nesse setor.
Brasil de Fato: Os petroleiros de Pernambuco e da Paraíba tiveram no mês de dezembro uma aprovação de 92% da categoria no Acordo Coletivo de Trabalho que tem validade até 2025, quais as principais pautas da categoria?
Diego Liberalino: Os últimos 6 anos foram de muita perda, muita luta para que a gente pudesse conservar aquilo que a gente tinha como o nosso acordo coletivo de trabalho, fruto de muita luta ao longo de décadas. Havia naturalmente uma expectativa muito grande nesse primeiro ano do governo Lula, da gente poder retomar algumas perdas que tivemos nos últimos anos. A gente precisa, gradativamente, avançar em outras cláusulas com as mudanças naturais que ocorreram de 2015/2016 para cá. Mas foi um acordo importante e o resultado disso foi a votação dos trabalhadores com mais de 90% da categoria aqui em Pernambuco e Paraíba aprovando. A participação da categoria também foi importante, não só o percentual, mas a quantidade de trabalhadores participando. Isso mostra a valorização e o reconhecimento que os trabalhadores têm no sindicato e na Federação Única de Petroleiros.
Brasil de Fato: Estamos finalizando 2023 e o primeiro ano do governo Lula trouxe uma mudança significativa no debate público sobre os direitos dos trabalhadores. Como a FUP e o Sindipetro fazem este balanço?
Diego Liberalino: A gente já sabia que seria um governo de disputa permanente, com uma correlação de forças no Congresso Nacional de muita dificuldade, mas graças as habilidade do presidente Lula e ampla participação dos movimentos sociais e sindicais, o governo tem entregado resultados importantes na retomada de diversos programas sociais. O governo Lula conseguiu resgatar, em menos de um ano, diversos programas importantes e e a valorização dos trabalhadores. Está sendo agora discutido a questão da jornada de trabalho ,a valorização dos trabalhadores que trabalham com aplicativos, enfim, a retomada da valorização do salário mínimo e da necessidade de expandir a massa salarial. Eu não tenho dúvida que a Petrobras vai ajudar o país a voltar a gerar emprego, a valorizar é o salário e retomar alguns direitos
Brasil de Fato: Quais as expectativas de avanços na luta por soberania para 2024?
Diego Liberalino: A Petrobras, ela tem um papel fundamental no debate da soberania do país, seja energética ou alimentar, tudo envolve a Petrobras. Infelizmente, a gente teve a privatização da Eletrobras no governo Bolsonaro. Estamos na luta pela estatização da Eletrobras, que é fundamental para que a gente possa avançar no sentido da soberania. E a Petrobras também cumpre um papel fundamental para que a gente possa controlar o preço dos combustíveis, isso reflete no preço dos produtos, da comida e do vestuário. Aumentando a capacidade de produção e refino da empresa, entregando combustíveis e gás de cozinha a preços mais justos.
Edição: Helena Dias