A quatro meses das convenções partidárias, que têm início em julho, o Partido dos Trabalhadores em Pernambuco tenta se adiantar nas definições em cidades importantes no estado. O diretório municipal do PT no Recife tem debatido sobre o nome que o partido indicará para ocupar a vice na chapa de João Campos (PSB), prefeito e candidato à reeleição.
Os nomes cotados são os do deputado federal Carlos Veras e o do ex-vereador Mozart Sales. Veras e Sales são apoiados respectivamente pelos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão. Mas ainda falta combinar com o próprio prefeito, que não deu qualquer declaração confirmando o espaço do PT na vice. Os petistas esperam que Lula convença Campos.
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O posto de vice-prefeito do Recife está supervalorizado no momento, não só pela perspectiva de reeleição “tranquila” de Campos, mas pelo entendimento de que ele se lançará para a disputa do Governo do Estado em 2026, fazendo com que o vice se torne prefeito da capital pernambucana por mais de dois anos, no mínimo.
Agricultor familiar e natural de Tabira, no Sertão, Veras se dedicou ao sindicalismo rural e acabou migrando para Olinda e Recife ao ser eleito para a direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado - entidade que ele acabou presidindo por dois mandatos. Em seguida se tornou deputado eleito (2018) e reeleito (2022), sendo hoje o único federal do PT de Pernambuco.
Mozart é médico concursado no Hospital Oswaldo Cruz. Na política, presidiu a associação estadual de Médicos Residentes e teve um mandato como vereador do Recife (2005-2008). Transitou bastante por Brasília, tendo presidido a estatal Hemobras e ocupado cargos em ministérios. Já foi chefe de gabinete do então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e hoje é assessor novamente junto a Padilha, noutro ministério.
Em anos recentes o PT arrastou por meses esse tipo de decisão, gerando grandes desgastes internos que chegaram a fraturar o partido. Este ano a sigla parece estar tentando bater o martelo com alguma antecedência.
Sem candidatura própria em Caruaru
Nesta quarta-feira (13) o senador pernambucano Humberto Costa, que está responsável pelas articulações eleitorais nacionalmente, informou que o PT apoiará José Queiroz (PDT) em Caruaru, colocando um ponto final na possibilidade da deputada estadual Rosa Amorim (PT) de representar o partido.
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Em seu primeiro mandato eletivo, a jovem de 27 anos figurava nas pesquisas com menos de 5% das intenções de voto, embolada com outros candidatos e distante do próprio Queiroz (31%), do prefeito Rodrigo Pinheiro (do PSDB, com 29%) e de Erick Lessa (do Republicanos, 16%). Hoje o PT não tem sequer um vereador em Caruaru.
Fora do tabuleiro, Amorim divulgou nota afirmando que “o cenário muda, mas, continua nosso compromisso em construir junto da candidatura de Zé Queiroz um projeto para a cidade de Caruaru”.
Em entrevista ao Blog da Folha de Pernambuco, Humberto lembrou que “o PDT tinha colocado Caruaru como uma das prioridades”. O mesmo Humberto havia participado do lançamento da pré-candidatura de Rosa no fim de 2023. Em 2022 o PDT não conseguiu superar o coeficiente eleitoral em Pernambuco, ficando sem deputados estaduais ou federais, deixando o próprio Zé Queiroz e o filho Wolney sem mandatos.
À Folha, Humberto dividiu com Lula a responsabilidade sobre a decisão de abrir mão da candidatura própria. “Levei essa questão e o presidente Lula também manifestou a posição dele. A orientação que saiu é que a gente feche com José Queiroz”, concluiu. Nos próximos dias o partido deve promover um evento público em Caruaru para oficializar o apoio.
Considerando que o PT, o PCdoB e o PV estão vinculados juridicamente através de uma federação partidária - a Federação Brasil da Esperança -, a decisão se estende ao conjunto. O PCdoB de Caruaru também não possui vereadores, mas o PV tem na cidade o mandato da advogada e professora Perpétua Dantas. Queiroz também já conseguiu o apoio do PSB contra o prefeito indicado por Raquel Lyra.
Sobrevivência
Nacionalmente o PDT vive grande crise, com recente debandada de Cid Gomes e prefeitos aliados para o PSB, no Ceará, onde o PDT tinha razoável expressão. Há um temor de que o partido não consiga superar a cláusula de barreira em 2026, o que deixaria o partido sem fundo partidário e sem tempo de TV e rádio.
O presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, que é ministro de Lula, é o mesmo que colocou o PDT de Pernambuco sob as asas da tucana Raquel Lyra (PSDB), enquanto Wolney Queiroz negociava a aliança com o PT.
Edição: Helena Dias