Pernambuco

ELEIÇÕES 2024

No Paulista, campanha deste ano deve trazer velhos conhecidos da população

Ex-aliados de Yves buscam apoios de Raquel Lyra e Bolsonaro; Junior Matuto e Ramos voltam à disputa

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Yves Ribeiro (PT), Junior Matuto (PSB) e Ramos (PSDB) são novamente protagonistas da disputa eleitoral no Paulsita (PE) - Reprodução

A disputa eleitoral no município do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, tende a colocar frente a frente uma série de ex-aliados ou antigos rivais que já se enfrentaram no mesmo pleito ou até já compuseram chapas juntos. Além de Yves Ribeiro (PT), que tentará seu 5º mandato na cidade, o atual vice será agora seu adversário, assim como outros antigos vices e também antigos prefeitos.

O ex-sindicalista Yves Ribeiro foi prefeito de Itapissuma por dois mandatos, prefeito de Igarassu por um mandato e governou Paulista também por dois mandatos, de 2005 a 2012, quase sempre pelo PSB. Foi Yves, junto com o então governador Eduardo Campos, que conduziram o vereador Junior Matuto a conquistar a prefeitura em 2012. Mas não contou com o mesmo empenho quando se lançou para deputado estadual, derrotado com 29 mil votos.

Após nova frustração ao disputar a prefeitura de Igarassu (2016), ainda pelo PSB, Yves retornou a Paulista - pelo MDB - onde retomou a gestão após 8 anos de Junior Matuto. Há quem aponte grande desgaste da sua imagem, algo reforçado pelo distanciamento de antigos aliados, mas há uma carência de pesquisas sobre o tema no município. Diante do enfraquecimento do MDB, Yves se filiou ao PT em 2023 visando a disputa deste ano.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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O Brasil de Fato Pernambuco conversou sobre o cenário local com Nikson Monteiro, presidente municipal do PT no Paulista há 12 anos. O dirigente se mostrou bastante confiante na reeleição de Yves, mas não garante que será no 1º turno. “Nenhum candidato deve representar risco à candidatura de Yves. Acredito que vamos ganhar essa eleição”, disse ele, que faz questão de sublinhar que não tem cargos na gestão municipal.

O adversário de Yves no 2º turno de 2020 foi Francisco Padilha (então no PSB), que agora é pré-candidato a prefeito pelo Avante. Padilha foi secretário na gestão Junior Matuto e escolhido para sucedê-lo. Foi derrotado com 61,9 mil (42,5%) no 2º turno. Contou com a máquina municipal a seu favor, mas pesou contra si a imagem manchada do seu tutor Junior Matuto. Ele segue próximo ao mentor e não será surpresa se surgir como vice .

E é justamente o ex-prefeito Matuto (PSB) um dos nomes fortes na disputa deste ano. Eleito com apoio de Yves em 2012, Matuto governou Paulista até 2020, sendo afastado do cargo pela Justiça meses antes de concluir mandato. Investigações da Polícia Civil levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro e peculato envolvendo o contrato de recolhimento de lixo no município. A midiática Operação Chorume levou o TJPE a afastá-lo, posição reafirmada pelo ministro Luiz Fux, do STF, em outubro.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Mas em 2022 o Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) arquivou o processo, afirmando que não havia informações suficientes no processo para tais acusações. A empresa vencedora do referido contrato - a I9 Paulista Gestão de Resíduos S/A - é a que segue recolhendo lixo no município até hoje, sob gestão de Yves. O contrato foi retomado em 2021, autorizado pelo TCE. Na luta por limpar sua imagem, Matuto vai à forra na disputa deste ano.

Ainda no campo dos partidos ditos progressistas, existe a pré-candidatura da policial civil e gestora pública Lívia Álvaro, filiada ao PDT. Nascida no bairro de Arthur Lundgreen, ela tem formação em Serviço Social e Direito, além de ser concursada da Polícia Civil desde 2003.

Lívia ocupou seu primeiro posto na gestão pública na Secretaria de Educação, em 2017, durante a gestão Junior Matuto, sendo em seguida Secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Hoje está na Prefeitura de Olinda, como Secretária de Planejamento e Gestão do governo Lupércio.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Ex-aliados de Yves buscam Bolsonaro e Raquel

Yves, que em dezembro de 2023 se filiou ao PT de Lula, vive situação inusitada, já que seu vice Dido Vieira, que rompeu com a gestão em 2022, está agora filiado ao PL de Bolsonaro e pode ser o candidato da sigla na disputa pela prefeitura. O PL pretende lançar candidaturas próprias em todos os 14 municípios da região metropolitana. Eleitos juntos em 2020, Dido rompeu com Yves e se lançou para deputado estadual pelo Republicanos, obtendo 29,4 mil votos.

Outro nome que tem se colocado como pré-candidato do PL no Paulista é o vereador Edson Pinto, o "Edinho", presidente da Câmara de Vereadores do município. Ele é vereador em terceiro mandato, tendo alcançado 2,9 mil votos em 2020 (2º mais votado), pelo PSB, apoiando a candidatura de Francisco Padilha. Em 2022 ele apoiou Jorge Carreiro para deputado estadual. E até pouco tempo integrava oficialmente a base de apoio ao prefeito Yves na câmara.


O bolsonarista Edinho já foi, até há pouco, filiado ao PSB, apoiador de Yves Ribeiro (PT) e fez campanha para o ex-vice-prefeito Jorge Carreiro; / Reprodução

Outro ex-aliado de Yves que pode surgir em alguma chapa é Jorge Carreiro, foi secretário de Infraestrutura do Paulista na gestão Yves de 2021 até 2022, quando se afastou para se candidatar a deputado estadual pelo Solidariedade, não-eleito, com 21,1 mil votos. Teve atuação discreta neste 1 ano e meio e andou posando ao lado de Ramos (PSDB).

O ex-deputado Ramos Santana (PSDB) sim, tem se colocado como postulante ao executivo municipal e espera contar com o apoio de sua correligionária, a governadora Raquel Lyra (PSDB), para alavancar sua candidatura. Ramos foi candidato a prefeito em 2020 pelo PTB, quando teve 29,8 mil votos (20,3%), ficando em 3º lugar. Em 2016 obteve 34,9 mil votos (24,8%) e ficou em 2º contra Matuto.


Vice-governadora Priscila Krause (CD), Zé Ronaldo (PSDB) e Ramos (PSDB) / Reprodução

Ramos foi vereador do Recife por dois mandatos e deputado estadual por um mandato (2011-14), quando teve 20,2 mil votos, pelo antigo PMN. Em seguida foram 3 derrotas: em 2014 teve 27 mil votos pelo PMN (seu melhor desempenho), em 2018 teve 14,6 mil (pelo PTB) e em 2022 obteve 9,5 mil votos (pelo PSDB). Além de Carreiro, outro nome que tem caminhado ao seu lado é Zé Ronaldo (PSDB), ex-militante do DEM e comissionado no gabinete da vice-governadora Priscila Krause (CD).

Nikson Monteiro, presidente do PT no Paulista, avalia como positiva a pluralidade de candidatos já bastante conhecidos. “É importante para que a população analise os indivíduos e os projetos”, disse ele. O petista se nega a opinar sobre quem seria o principal adversário do prefeito este ano. “Ainda não fizemos pesquisa. Estamos aguardando verba para isso”, informou. Ele mostrou maior preocupação com o desestímulo da população com a política local. “O que mais tem me preocupado mesmo são os votos em branco”, pontuou.

O dirigente prega respeito a outras candidaturas no mesmo campo político, mas destaca como carta favorável a Yves o alinhamento com o governo federal. “O presidente da República é do PT, com muitos projetos que alcançam os municípios. Com um prefeito petista conseguimos trazer para a cidade os projetos nacionais do PT”, disse ele, antes de ponderar: “o município tem que fazer o dever de casa, ter projetos para conseguir recursos federais”, disse.

Edição: Helena Dias