Pernambuco

ELEIÇÕES 2024

Em Olinda, direita se divide e esquerda pede paciência para definir candidatura

PT e PSB aguardam definitiva da ministra Luciana Santos (PCdoB) sobre candidatura; ela tem até junho para se desvincular

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Sucessão ao prefeito Lupércio tem apontado cenário de muitas candidaturas; - Fotos: reprodução / Montagem: Brasil de Fato Pernambuco

A corrida pela sucessão em Olinda está aberta. No lado da direita, ao menos três candidaturas prometem chegar com alguma musculatura para a disputa. Já no campo democrático-popular, PT e PSB seguem sem definição, enquanto aguardam que o martelo seja batido dentro do PCdoB - que governou a cidade de 2001 a 2016 e tem liderado o bloco no município. O nome da ministra e ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB) une a esquerda, mas ela não confirma a postulação.

Santos tem dado sinais de que deve mesmo permanecer em Brasília. Em breve declaração dada ao Blog do Magno recentemente, o “decidi ficar” de Luciana sinaliza que não foi possível garantir os interesses do PCdoB local e nacional. Ela é a única ministra do PCdoB e tentou garantir, junto a Lula, que caso ela deixasse o cargo, o presidente manteria o MCT&I nas mãos do partido. Mas com apenas 7 deputados federais, o PCdoB não tem força na disputa pelos espaços na Esplanada.

A negativa pode agitar as articulações nas próximas semanas envolvendo a Marim dos Caetés. Mas caso mude de ideia, ela ainda pode deixar o cargo até o dia 6 de junho e ser candidata, segundo a legislação eleitoral.

Na última eleição municipal o PCdoB ganhou apenas duas prefeituras em Pernambuco. Mas o gestor de Ibimirim deixou a sigla e tentará a reeleição pelo PSDB, restando ao partido apenas a prefeitura de Sanharó, de 18,6 mil habitantes. Portanto, retomar a prefeitura de Olinda, que foi do PCdoB por 16 anos (até 2016), seria fundamental para ganhar força no estado. Localmente, o PCdoB ainda não abriu mão da disputa.

Aliados do PCdoB, o PT e o PSB já têm nomes interessados na disputa de Olinda. O nome do PT é Vinicius Castello, vereador em 1º mandato, eleito com 2 mil votos em 2020 e único parlamentar do partido em Olinda, onde a sigla somou 10.500 votos em 2020. Em 2022 ele conseguiu 22,7 mil votos para deputado estadual, mas foi derrotado.

Castello prega respeito à história do PCdoB em Olinda. “Ela tem até junho para decidir e estamos aguardando. Por enquanto fomentamos o diálogo, buscando construir um caminho para retomarmos o poder e um projeto político para Olinda”, diz o vereador. Apesar da pouca experiência na política institucional, o petista considera que sua história de vida o preparou para governar o município. “Tenho vivência, o entendimento da realidade do povo. Não vejo Olinda do alto do prédio.  Eu sei o que o povo pobre vive porque é de onde eu vim, é o que eu vivi e vivo”, avalia ele.

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Além de Luciana, o parlamentar petista cita Gleide Ângelo como nome que podem representar um projeto de mudança na cidade. A delegada e deputada estadual preside o diretório olindense do PSB. Ela está em 2º mandato e tem grande apelo junto à população periférica, especialmente entre as mulheres. Gleide esteve a frente de delegacias da Mulher na região metropolitana do Recife e era presença constante em programas policiais.

Mas Gleide ainda não se apresentou como pré-candidata à prefeitura. Gleide foi a deputada estadual mais votada em 2018 (412 mil votos) e 3º lugar em 2022 (118 mil). Em Olinda, no entanto, o PSB teve apenas 4,7 mil votos em 2020 e não conseguiu eleger um vereador sequer. Hoje conta com o recém filiado Tonny Magalhães (ex-PSD).

O pré-candidato pede valorização dos nomes postos e crê na unidade do bloco para a eleição de outubro. “Vamos estar unificados”, garantiu. “O nome de Gleide precisa ser valorizado para sabermos se é o melhor caminho. Se for ela ou se for eu, seguiremos juntos”, garantiu o petista. Mas sinalizou que o nome deve mesmo partir da federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV. “É quase um consenso de que o nome indicado pela federação será aquele que levaremos às ruas para um projeto vitorioso”, disse Castello.

Ele também pede paciência no processo, já que no PT as cidades com mais de 100 mil habitantes precisam ser debatidas no âmbito da direção nacional. “É uma cidade estratégica, com uma população grande. Eu gostaria de dar uma resposta o quanto antes, mas a discussão demanda mais debate. Temos que aguardar o tempo da política”, pregou Vinicius, que teve sua pré-candidatura aprovada pelo diretório municipal em março.

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Apesar dos 16 anos de PCdoB à frente do Executivo Municipal, o cenário atual - após 8 anos de gestão Lupércio (PSD) - não é dos mais favoráveis ao campo democrático-popular. Além dos 10,5 mil votos obtidos pelo PT e os 4,7 mil do PSB, em 2020, o PCdoB da vereadora Dete Silva somou 11 mil. Houve ainda 4,8 mil eleitores do PSOL, que viu seu principal nome, Eugênia Lima, migrar para o PT visando a disputa deste ano. O bloco somou pouco mais de 30 mil votos em 2020 e precisará de melhor desempenho este ano. A candidatura desse campo deve contar com apoios dos dois senadores petistas, do prefeito João Campos e do presidente Lula, de acordo com o vereador Vinícius Castello.

A direita

Enquanto no campo progressista os nomes seguem em compasso de espera, na margem à direita as candidaturas se multiplicam. O prefeito Lupércio apostou na sua secretária Mirella Almeida (PSD). Com um discurso de valorização do empreendedorismo e do esforço individual, Almeida toca a pasta de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação de Olinda, mas - de olho em outubro - ela tem participado de inaugurações de postos de saúde e outros equipamentos alheios a sua pasta.

O atual vice-prefeito Márcio Botêlho será candidato pelo PP e já conta com o apoio de Antônio Campos (PRTB), irmão do falecido governador Eduardo Campos. Antônio foi segundo lugar na disputa de 2016, chegando a 90,5 mil votos (43%) no 2º turno.

Outro nome que promete ser competitivo é o de Izabel Urquiza, que vem de seis derrotas eleitorais seguidas e espera um resultado melhor como candidata oficial de Bolsonaro. Seu melhor desempenho eleitoral foi em 2012, pelo PMDB, quando obteve 82 mil votos (40,4%) e foi derrotada pelo prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). Em 2016 tentou pelo PSDB, terminando em 3º lugar com 36,5 mil votos (18,4%). Em 2020 ela apoiou a reeleição de Lupércio e assumiu cargo de assessora especial de Desenvolvimento Econômico na gestão.

Urquiza também tentou se eleger deputada estadual em 2014 (27,8 mil votos) e 2018 (8,5 mil). Em 2022 foi vice na chapa derrotada de Anderson Ferreira (PL) para o Governo do Estado.

O pré-candidato do PT considera que a quantidade de candidaturas reforça a necessidade de união do campo progressista. “A direita está pulverizada e apresentando suas candidaturas, mas quase todos participaram dessa atual gestão. Não são oposição”, avaliou. “Se a esquerda se organizar para mostrar um projeto viável para Olinda, fazendo um debate centralizado, vamos chegar ao 2º turno e mostrar quem de fato é oposição a essa gestão”, completou.

O ex-deputado André Luiz Farias, o “Alf”, escolhido pela governadora Raquel Lyra para presidir a TV Pernambuco, é pré-candidato pelo PRD (sigla resultante da fusão entre PTB e Patriotas). Já o ex-vereador André Avelar é pré-candidato a prefeito pelo Mobiliza (antigo PMN).

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Edição: Helena Dias