Um estudo divulgado pelo Governo Federal no mês de abril aponta que aproximadamente 1 milhão e 50 mil pernambucanos (11,6% da população) vivem em áreas vulneráveis às mudanças climáticas. O número coloca o estado como o 3º com maior proporção de pessoas vivendo em áreas de risco, atrás apenas da Bahia (17,3%) e Espírito Santo (13,8%).
Anos atrás, especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU, já apontaram o Recife como a cidade brasileira mais vulnerável às mudanças climáticas, sendo ainda a 16º cidade mais vulnerável do mundo nesse aspecto.
Na capital pernambucana, por exemplo, mais de 206 mil pessoas (13,8% de sua população) estão vulneráveis. O Recife está no topo da lista em quantitativo populacional em situação de risco. Em 2º lugar vem Jaboatão dos Guararapes, com 188 mil pessoas (29,2% dos jaboatonenses) em risco; e em 3º está Igarassu, com 69,8 mil pessoas - assustadores 60,6% de sua população - vivendo sob risco.
Dominado por municípios da região metropolitana, o “top 5” segue com Olinda, que tem 58,6 mil (16,7%) vulneráveis; e Paulista com 41,7 mil (12,2%). Vale destacar ainda Camaragibe, com 29 mil (19,6%); e Caruaru, com 26,5 mil (7%) de vulneráveis.
No fim de maio de 2022, o grande temporal que atingiu a Região Metropolitana do Recife deixou um rastro de mortes e centenas de desabrigados em Recife, Jaboatão, Olinda, Paulista, Camaragibe e São Lourenço da Mata. Já em 2017 e em 2010, as grandes vítimas foram as populações de municípios da zona da mata sul do estado.
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Municípios da zona da mata sul, que historicamente sofrem com cheias, também são motivo de preocupação. Os vulneráveis em Barreiros são 20,5 mil pessoas (51,3% de sua população); em Palmares são 16,5 mil (30,3%).
A lista da mata sul segue com Catende, que soma 10 mil (31,3%); Ribeirão tem 9,8 mil (29,2%); Cortês outros 6,9 mil (68%, maior proporção de vulneráveis no estado); Gameleira tem 5,3 mil (29%); em Rio Formoso são 3,3 mil (16,6%); Maraial tem 2,8 mil (29,9%); e Joaquim Nabuco tem 2,3 mil (17,4%).
Também com grande contingente populacional sob risco, mas na região Agreste, estão os pequeno municípios de Jurema, onde 7,9 mil (58%) de seus moradores estão vulneráveis a enchentes, enxurradas ou deslizamentos; e Xexéu, onde 5,6 mil (48%) está sob risco.
Em Pernambuco, segundo o levantamento, 106 (58%) dos 183 municípios têm áreas suscetíveis a deslizamentos, enxurradas ou inundações. A nota técnica do estudo disponibiliza, nas páginas 38, 39 e 40, a longa lista de municípios pernambucanos e seus respectivos quantitativos populacionais vulneráveis aos desastres mencionados.
Esse estudo servirá como parâmetro para a escolha e priorização de obras de infraestrutura dentro do Novo PAC. As populações em zonas de risco somam 8,9 milhões de pessoas, ou 6% da população nacional.
O documento cita algumas obras que devem ser priorizadas com esse objetivo: contenção de encostas, macrodrenagem, barragens de regularização de vazões e controle de cheias, além de intervenções em cursos d’água.
O estudo federal encontrou 1.942 municípios (aproximadamente 35% das cidades brasileiras) vulneráveis a desastres como alagamentos, inundações e deslizamentos de terras. O levantamento foi coordenado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, órgão ligado ao Ministério da Casa Civil.
Mais pobres são as principais vítimas
Os pesquisadores apontam ainda que as populações mais pobres são as mais vulneráveis também a esse tipo de tragédia. “A segregação sócio-territorial tem levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas”, diz o documento.
O estudo recomenda que, para minimizar tragédias futuras, o Poder Público monitore e atualize anualmente esses dados, divulgando a todos os órgãos responsáveis para lidar com o tema. E que sejam ampliados os sistemas de alertas de inundações.
A nota técnica aponta o Novo PAC como uma oportunidade para melhorar a gestão de riscos e desastres no Brasil. “É fundamental promover ações governamentais coordenadas voltadas à gestão de riscos e prevenção de desastres”, diz o documento.
Com informações da Agência Brasil.
Edição: Helena Dias