Pernambuco

CULTURA

“A música é uma ferramenta potente de comunicação”, diz Gabi da Pele Preta

Explorando ritmos afro-brasileiros e influências globais, a cantora une arte e ativismo em sua jornada musical

Brasil de Fato PE | Recife |
"Minha música é uma celebração da diversidade cultural e um chamado à consciência social". - Ayane Melo

Nascida e criada em Caruaru, Gabi da Pele Preta é intérprete, compositora, atriz e ativista. Embora sua cidade-natal seja conhecida como a “Capital do Forró”, a cantora tem uma abordagem única e inovadora à música. Em vez de seguir os tradicionais ritmos locais, Gabi mistura influências afro-brasileiras, como o maracatu, o coco e o afoxé, além de elementos de jazz, soul e reggae. Sua música celebra a identidade negra e é um veículo para a conscientização social.

Ela foi a entrevistada desta semana no Trilhas do Nordeste, programa realizado pelo Brasil de Fato Pernambuco em parceria com a TVT e transmitido todas as segundas-feiras, às 19h45, no Youtube. Confira:

Ela conta que sua formação musical teve início na igreja e na família. “Eu era da Primeira Igreja Batista de Caruaru e depois da Primeira Igreja Batista de Bonito. E o meu pai, professor, utilizava muita música em suas aulas, o que nos fez acessar muita MPB, especialmente as obras de Chico Buarque e Zé Ramalho”, conta Gabi. Ela avalia que sua construção musical teve base nos hinos tradicionais da igreja, com melodias rebuscadas e uma divisão de vozes sofisticada, embora a igreja ocupasse um espaço popular nas periferias.

Gabi também aborda questões profundas sobre identidade racial e a sociedade em seu trabalho. “Sempre enxerguei na música e nas manifestações artísticas uma ferramenta potente de comunicação. A arte tem uma capacidade única de se conectar com as pessoas, aproximando-as de questões importantes através de melodias e letras que ficam na memória”, explica ela, que considera a música é uma ferramenta estratégica para a formação do pensamento crítico.

Além da música, Gabi trabalha com teatro e poesia, integrando essas formas de expressão em sua arte. “Sempre estive em espaços coletivos e o teatro me ajudou a entender a construção coletiva dentro de um contexto artístico. A poesia surgiu como uma maneira de unir discurso e arte, declamando poesias que dialogam com nossas canções durante os shows”, relata.

Apesar do nascimento em Caruaru e de um pai forrozeiro, suas primeiras influências musicais foram de outros gêneros. “A grande influência do forró em casa veio do meu pai, que tinha um carro de som e tocava músicas como 'Samarica Parteira', de Luiz Gonzaga, para toda a rua ouvir. Mas só recentemente, ao trabalhar com Azulão, que tive uma vivência mais profunda com o forró, aprendendo sobre mestres como Jackson do Pandeiro e Marinês”, lembra.

Gabi da Pele Preta continua a utilizar sua arte como instrumento de resistência e transformação social, celebrando a diversidade cultural e a identidade negra em cada nota e verso.

Na dica cultural desta semana, a repórter Fátima Pereira traz sugestões de aulas de forró pelo Nordeste. O programa pode ser assistido todas as segundas-feiras, às 19h45, no canal da TVT no Youtube ou na TV aberta em São Paulo.

Edição: Vinícius Sobreira