O Armazém do Campo recebe, desta quinta (22) ao sábado (24), o “1º Seminário Estadual da Agrobiodiversidade e Semestes Crioulas de Pernambuco”, que vai reunir 200 camponeses. O evento busca aproximar as populações da cidade e do campo e debater os desafios para garantir alimento saudável, a soberania e segurança alimentares para a população. O seminário promove noites culturais abertas ao público, com maracatu, coco, forró e brega. Entre as atrações está a Banda Sedutora.
Nos três dias de encontro os agricultores também pretendem debater caminhos para exigir que o poder público, nas três esferas, cumpram a lei que trata do tema. Estarão presentes trabalhadores do campo de 25 municípios pernambucanos, além de convidados de Sergipe, Piauí, Pará e Goiás. Em paralelo ao seminário, do lado externo do Armazém, acontece uma feira em que a população pode adquirir alimentos produzidos por estas famílias. O Armazém fica na avenida Martins de Barros, 387, bairro de Santo Antônio, centro do Recife.
O seminário e a feira são organizados pelo Movimento Camponês Popular (MCP), organização nascida no Sertão do Pajeú pernambucano, tendo como pauta central a defesa das sementes crioulas. Essas sementes não são transgênicas, têm grande diversidade genética e são fruto de uma evolução natural, a partir da adaptação da planta às condições do solo e clima em que foi cultivada. São sementes selecionadas pelas mãos e sabedoria dos agricultores para o plantio no ciclo seguinte.
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Maria Gabriela, da direção nacional do MCP, fala sobre as bandeiras do movimento. “O nosso objetivo é contribuir para a organização dos camponeses e camponesas e garantir que nossas sementes crioulas sejam preservadas e salvas do avanço intensivo do agronegócio e do uso de venenos”, diz ela. As sementes são símbolo de resistência da agricultura camponesa contra o agronegócio, que tenta impor o plantio de sementes criadas em laboratório (transgênicas) e padronizadas, que não respondem à diversidade de solo e clima existentes no Brasil.
Programação
Durante a manhã desta quinta (22), enquanto os participantes do seminário realizam o credenciamento, acontece em paralelo a 1ª Feira Estadual da Agrobiodiversidade, na qual serão expostos os itens alimentares produzidos pelas famílias agricultoras que estarão no seminário. A feira segue no turno da tarde. O seminário será aberto às 15h e a mesa de abertura se estende até o início da noite.
Na sexta-feira (23) o encontro terá um momento de análise de conjuntura agrária e política, um debate sobre o dever do poder público na garantia do acesso da população a alimentação saudável; e à tarde as plenárias temáticas de juventude e de mulheres, além da cerimônia de formatura de uma turma de educadores populares em Soberania Alimentar. Na área externa, a Feira de Agrobiodiversidade continua.
O evento se encerra no sábado (24), com uma plenária debatendo as perspectivas futuras para a agricultura camponesa e uma feira de troca de sementes crioulas, junto à Feira de Agrobiodiversidade. Veja a programação completa aqui.
Noites culturais
A programação cultural também promete animar os participantes do seminário e quem mais quiser chegar, visto que os eventos são abertos e gratuitos. Na quinta, a noite fica por conta do Maracatu Real da Várzea (às 20h), a cantora Poli (21h30) e encerra com Afroito (a partir das 23h).
Na sexta-feira sobem ao palco os forrozeiros do Grupo Mangaio(20h), seguidos pela banda de brega Sedutora (21h30) e encerra com o agito da DJ Boneka (a partir das 23h). O encerramento do evento, no sábado, fica por conta da banda Revoada (a partir do meio-dia).
O MCP - O Movimento Camponês Popular nasceu em 2017, no Sertão do Pajeú, e tem atuado na defesa das sementes crioulas e na luta por soberania alimentar, envolvendo as famílias rurais da região. Em 2018 promoveu um encontro na região para a troca de saberes e de sementes crioulas, defendendo sua importância como patrimônio genético do campesinato.
Edição: Vinícius Sobreira