Pernambuco

DESCRIMINALIZAÇÃO

As candidaturas que têm a maconha como pauta central em Pernambuco

Levandamento do BdF Pernambuco encontrou apenas 5 candidaturas que têm a pauta como central na sua atuação, todas na RMR

Brasil de Fato | Recife |
O vereador Ivan Moraes (PSOL) não é candidato à reeleição; suas assessorias Nise Santos e Carol Vergolino são candidatas e defendem a descriminalização, mas até o momento não colocaram a pauta em suas propagandas - Reprodução

Neste sábado (14), milhares de recifenses vão às ruas para a Marcha da Maconha, realizada na capital pernambucana desde 2008. Em ano eleitoral, é natural que o evento reúna também as candidatas e candidatos que apoiam a descriminalização da planta e a facilitação do uso medicinal da Cannabis.

O Brasil de Fato Pernambuco fez um levantamento no portal DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e nas redes sociais dos candidatos para encontrar nomes que tenham a pauta da maconha como prioridade de sua atuação. Encontramos cinco nomes, sendo quatro candidaturas do PSOL e uma do partido Avante. Todos são candidatos em municípios da Região Metropolitana do Recife. Também perguntamos a eles quando a Cannabis virou sua pauta de luta. Confira.

Elaine Cristina (PSOL), candidata no Recife


Nascida na Roda de Fogo, Elaine Cristina (PSOL) é vereadora e candidata à reeleição; ela abraçou a pauta da maconha pela saúde do filho / Thiago Paixão

Elaine Cristina, 41 anos, vereadora, trancista e auxiliar administrativa.

“A maconha salvou a vida do meu filho. Ela entra na minha vida com a luta para garantir a dignidade ao meu filho. Ele nasceu com uma malformação congênita num dos lados do cérebro, o que lhe causava em média 25 convulsões por dia. Através de outras mães, descobri a medicina da maconha para tratamento e consegui na Justiça o direito de plantio da erva para fins medicinais. Com o óleo de cannabis, Pedro tem menos de 3 convulsões por semana.”

Marcos Smoke (Avante), candidato no Recife


Do bairro da Tamarineira, Marcos Aurélio (Avante) conta que defende a legalização da planta desde os 18 anos / Divulgação

Marco Aurelio de Barros, 59 anos, comerciante e estudante de direito.

“Eu defendo a maconha desde os meus 18 anos. As ‘mudanças’ que temos hoje são resultado da luta de muitos anos - luta minha e de outros que representam a causa. Não é fácil ter determinação e força para lutar contra uma sociedade que só enxerga a utilidade de determinadas coisas quando precisa ou depende dela. Eu vou sempre defender a maconha.”

Carlos Santos  (PSOL), candidato em Jaboatão dos Guararapes


Carlos Santos é candidato pelo PSOL em Jaboatão dos Guararapes / Reprodução

Carlos Santos, 29 anos, psicólogo, comunicador e ativista pelos Direitos Humanos.

“Abracei a pauta da maconha porque percebi, desde muito novo, que a falsa guerra às drogas é apenas mais uma estratégia para matar a juventude negra e pobre. Eu luto pelo acesso à maconha medicinal no SUS em Jaboatão dos Guararapes, para que crianças com autismo e outras neurodivergências tenham acesso a um tratamento eficaz e sem os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais. A maconha salva vidas.”

Okki das Olinda (PSOL), candidato em Olinda


Integrante do bloco carnavalesco ‘Segura a coisa que eu chego já’, Okki enxerga um ambiente social que permite avanços legislativos nas pautas da maconha / Reprodução

Jocigenes Monteiro, 58 anos, administrador e microempreendedor.

“Notei que o proibicionismo é fundamentado no racismo e nos interesses econômicos. A ciência confirma as possibilidades da maconha no uso medicinal, industrial, alimentício e religioso. Eu luto contra a desinformação e pelo acesso de todos à planta. O nosso bloco ‘Segura a coisa que eu chego já’ vai completar 50 anos e, com as mudanças nos costumes da sociedade, decidimos sair do anarquismo e colocar nossas ideias no Poder Legislativo.”

Fernando do Salve (PSOL), candidato em Paulista


Fundador do Salve Maria Farinha, Fernando se identifica como ecossocialista e militante pela descriminalização da maconha / Reprodução

Fernando Macedo, 33 anos, ambientalista.

“A criminalização não tem consistência. Só faz com que pretos, pardos e pobres sejam criminalizados. Por isso defendo o acesso seguro e assistido à maconha, para que essa política de segurança violenta e falha não vitimize mais jovens carentes. Também sou fundador do movimento Salve Maria Farinha, onde me formei como ativista pelo meio ambiente, com foco nas lutas ecossocialistas para combater as desigualdades, tendo a natureza como foco”.

Edição: Vinícius Sobreira