Pernambuco

ELEIÇÕES 2024

No Recife, João Campos “ganha” guia eleitoral de candidato bolsonarista por uma semana

Justiça Eleitoral puniu Gilson Machado (PL) por insistir em propagandas que estariam “acusando sem provas” o prefeito

Brasil de Fato | Recife |
João Campos (PSB) “ganhou” o direito de resposta em 38 minutos do tempo de Gilson nos guias de TV e rádio; além de ter ganho 293 inserções que seriam de Machado ao longo da programação - Marlon Diego/Prefeitura do Recife

Nesta terça-feira (17), a Justiça Eleitoral puniu mais uma vez o candidato Gilson Machado (PL), que concorre para a Prefeitura do Recife. O motivo: o candidato do PL insistiu em propagandas que foram consideradas “acusações sem provas” sobre o programa de parceria público-privada (PPP) “Infância na Creche”.

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Como direito de resposta, nos guias regulares, transmitidos no início da tarde e no início da noite, João Campos (PSB) “ganhou” o direito de resposta em 38 minutos do tempo de Gilson. Já nas inserções que acontecem ao longo da programação, Campos ganhou 293 inserções que seriam de Machado.

O candidato do PL tem, em cada um dos guias eleitorais, 2 minutos e 5 segundos, dos quais 2 minutos foram transferidos para a campanha de João Campos (PSB) como direito de resposta, restando a Gilson Machado apenas 5 segundos por guia. Por dia, o bolsonarista perdeu 4 minutos, restando-lhe 10 segundos. Para que se completem os 28 minutos dados a Campos pela Justiça Eleitoral, essa punição será cumprida em 14 guias eleitorais de TV (28 minutos) e mais cinco guias de rádio (10 minutos).

A juíza Nicole de Farias Neves, da 4ª Zona Eleitoral considera que “houve flagrante descontextualização da denúncia” presente nas matérias jornalísticas e “nítida adulteração de sentido” visando “imputar fatos criminosos sem qualquer suporte probatório”. Decisões anteriores definem que Gilson não deve veicular peças publicitárias sobre o tema em questão, sob risco de pena de R$50 mil por veiculação.

Gilson Machado tem usado as redes sociais para reclamar das decisões. “Está proibido falar a palavra ‘creche’, tocar no assunto das creches. Isso é censura prévia e me remete ao que acontece hoje na Venezuela”, disse o candidato a prefeito do Recife. “Eles calaram meu guia, mas eles não calam nossas vozes. O cerco está se fechando para o suposto maior esquema da máfia das ‘casinhas que cuidam de crianças’ aqui no Recife”, completou.

O cumprimento da decisão tem início no guia da noite desta terça (17) e segue até o guia da tarde da quarta-feira (25), com Gilson voltando ao ar na noite do dia 25. João Campos já era o candidato com maior tempo de guia eleitoral, com 4 minutos e 45 segundos. Com a decisão judicial, Campos passará uma semana tendo quase 70% do guia para si.

Além dos guias, as inserções de 30 segundos que acontecem ao longo da programação também foram afetadas. A Justiça Eleitoral entregou para Campos 238 inserções que seriam de Gilson. O que significa que o candidato do PL perderá peças publicitárias pelas próximas duas semanas.

Desde os primeiros dias de setembro, dias após a Marco Zero Conteúdo publicar uma série de reportagens revelando que o programa municipal “Infância na Creche” pode ter beneficiado políticos da base do prefeito, o candidato Gilson Machado (PL) passou colocar o tema em suas propagandas eleitorais, muitas vezes tratando o caso como “esquema” e “uso político do programa de creches”. A Justiça Eleitoral considerou as peças publicitárias como acusações sem provas.

As primeiras sentenças mandavam as peças serem removidas das redes sociais e da TV sob risco de multa de R$5 mil por exibição. O candidato insistiu e nos dias seguintes as multas subiram para R$20 mil e depois R$50 mil, além de punições que tiraram as propagandas de Gilson do ar por 24 horas, depois por 48 horas. Com a insistência do ex-ministro de Bolsonaro em levar ao ar propagandas que confrontam as decisões prévias, as punições chegaram a este momento.

Edição: Vinícius Sobreira