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Violência política é herança do bolsonarismo

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José Luiz Datena dá uma cadeirada em Pablo Marçal durante debate na TV Cultura - Reprodução/TV Cultura
Bolsonaro não inventou a violência política, mas ele foi um grande incentivador desta forma de ódio

Atentados, ameaças, agressões e calúnia a candidatos e candidatas estão virando pauta quase que diária neste período eleitoral. Em Pernambuco, pelo menos três candidatos a prefeito sofreram atentados com armas nos últimos dias. Mas não para por aí. Em Bonito, uma candidata Sem Terra  teve sua casa alvejada e em Recife parte da equipe de campanha do nosso candidato do MST foi agredida simplesmente por usar a camisa do Movimento, enquanto estava tomando um sorvete no intervalo de trabalho. 

Esses casos são graves e não podem ser naturalizados. Baixinha dos Sem Terra, nossa candidata em Bonito, tem 69 anos e estava dentro de casa quando os disparos aconteceram e viu também o momento em que tentaram provocar um incêndio. Em Recife, a equipe de Tomás do MST foi surpreendida com tapas e agressões verbais vindos de um homem contra um grupo em que a maioria eram mulheres. Desde a ascensão do bolsonarismo em 2018, a segurança das nossas candidaturas do campo progressista virou uma questão permanente.

Acredito que todos se lembram do clima de medo na noite de 28 de outubro de 2018. Muitos já vinham assustados desde o período da campanha, já que os eleitores do “Capitão” intimidaram e protagonizaram inúmeros casos de violência, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê. Quando o resultado das urnas atestavam a eleição de Bolsonaro, nos preparamos para o pior - e de fato aconteceu.

A derrota eleitoral de Bolsonaro não significou, infelizmente, uma derrota total do fascismo no Brasil, que segue organizado e atuando dentro do parlamento com propostas absurdas como o Marco Temporal, a anistia dos crimes do 8 de janeiro e o PL do Estupro; e, fora do parlamento eles seguem raivosos e ameaçando parlamentares de esquerda, especialmente as mulheres, como aconteceu comigo e outras colegas diversas vezes ano passado.

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Não foi Bolsonaro quem inventou a violência política, mas foi ele um grande incentivador desta forma de ódio. Entre 2019 e 2022, a violência política cresceu 335% no Brasil, segundo dados de pesquisa da Unirio. A esquerda e a direita sempre tiveram grandes embates, mas o bolsonarismo nunca quer debater ou dialogar, apenas destilar seu ódio, e infelizmente, estamos vendo os frutos disso até hoje.

Agora, nas eleições, o fascismo segue atuando. As ameaças às nossas candidaturas do MST, o fenômeno Marçal em São Paulo, que é a extrema direita em sua via mais radical, são exemplos disso. O nosso papel enquanto esquerda vai além da denúncia. É necessário combater a violência pelos meios legais através dos canais de denúncia. E o mais importante: é preciso estar junto ao povo, formando, dialogando e conscientizando nossa população sobre os perigos dessa radicalização violenta propagada pelos fascistas. 

Política para nós sempre foi uma forma de conversar e construir juntos um futuro melhor - e é isso que continuaremos fazendo, mesmo fora do período eleitoral. Seguiremos nas ruas e nas redes, denunciando o fascismo, nos protegendo coletivamente e construindo uma cultura de paz para que o povo brasileiro continue acreditando na política como uma forma de mudar vidas. E só vamos conseguir fazer isso, juntos e juntas, elegendo quem constroi o dia-a-dia com amor e solidariedade!

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