Pernambuco

DIREITOS HUMANOS

Em Tamandaré, liderança da luta por terra é espancada, sofre tentativa de homicídio e consegue fugir

Agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi sequestrada e violentada na noite desta quarta (18), mas escapou com vida

Brasil de Fato | Recife |
O Brasil é o 4º país do mundo onde mais se mata ambientalistas e defensores dos Direitos Humanos
O Brasil é o 4º país do mundo onde mais se mata ambientalistas e defensores dos Direitos Humanos - EBC

Na noite desta quarta-feira (18), Edina Maria da Silva, 32 anos, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi sequestrada, espancada e ameaçada de morte, mas escapou com vida após lutar com o criminoso e conseguir fugir. A ocorrência foi em Tamandaré, na zona da mata sul de Pernambuco, região que convive com muitos conflitos por terra e casos de violência.

O ataque aconteceu quando ela se dirigia à comunidade rural de Canoinha, onde vive, Engenho de Canoa Velha. Ela chegava da cidade vizinha de Palmares, onde faz faculdade. Ao descer do ônibus escolar, um homem armado e encapuzado, num carro, abordou Edina e outros dois jovens tomando-lhes os celulares, mas dispensou os dois enquanto levou Edina para o carro, sequestrando-a.

O criminoso conduziu Edina por quilômetros para longe de sua comunidade. Apontando-lhe uma pistola, o homem a espancou e praticou outras violências, repetindo que “quem me pagou, mandou te matar”. Quando o sequestrador anunciou que chegara a hora de tirar a vida dela, Edina Maria reagiu e partiu para a luta contra o agressor.

Ela conseguiu se desvencilhar e fugir do local por uma cerca de arame farpado. A vítima andou 10 quilômetros até uma outra comunidade rural, onde foi socorrida. Edina está recebendo atendimentos médicos nesta quinta-feira (19).

Assista: Em Pernambuco, 18 mil camponeses foram impactados por conflitos de terra em 2023

Edina Maria é contratada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) para acompanhar comunidades da zona da mata sul pernambucana que estejam em situação de conflito agrário e sofrendo ameaças. Relatório da CPT estima que mais de 18 mil trabalhadores rurais de Pernambuco vivam em comunidades vítimas de conflitos no campo.

A CPT acionou a Polícia Militar, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Comissão de Conflitos no Campo do Governo de Pernambuco, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e outros órgãos de proteção a defensores de Direitos Humanos.

Leia: Jovens acusam homem de agredi-los fisicamente por estarem com camisa do MST

Após ataque armado de encapuzados, população protesta em defesa da horta comunitária no Jiquiá

Edição: Vinícius Sobreira