Pernambuco

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A luta pela preservação da APA Aldeia-Beberibe continua

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Vista aérea da APA Aldeia-Beberibe, que alcança oito municípios, é cobiçada por empreiteiras e, agora, está na mira de empreendimentos militares - Agência Pernambucana de Meio Ambiente/CPRH
Em Pernambuco, Mata Atlântica está ameaçada pelo projeto de construção da Escola de Sargentos

O Brasil enfrenta uma emergência climática sem precedentes, intensificada pelo desmatamento e pelas queimadas que devastam os biomas do país. Nos últimos dias, o ClimaInfo divulgou que 60% do território nacional esteve coberto por fumaça, resultante do recorde de queimadas, especialmente na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado.

Mas como isso se relaciona com o Recife? Em Pernambuco, temos a Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, com 31 mil hectares, que abrange oito municípios: Recife, Camaragibe, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Araçoiaba, São Lourenço da Mata e Paudalho. Trata-se de uma área de Mata Atlântica ameaçada pelo projeto de construção da Escola de Formação e Graduação de Sargentos.

Só pra você ter uma ideia do impacto: caso o projeto avance, serão desmatados 188 hectares, o equivalente a 174 campos de futebol - e isso não podemos permitir que aconteça.


Em janeiro de 2024, Lula assinou o termo de compromisso para a construção da Escola de Sargentos em Pernambuco, ao lado da governadora Raquel Lyra e do ministro da Defesa, o pernambucano José Múcio / Ricardo Stuckert

Recentemente, houve um avanço nessa luta e isso temos que comemorar. Uma decisão da Justiça pernambucana pode ter impacto significativo no projeto da Escola de Sargentos. A juíza Marinês Marques Viana determinou a suspensão de intervenções na área de preservação, atendendo a um pedido do Ministério Público e do Fórum Socioambiental de Aldeia, que lutam pelo desmatamento zero.

Apesar da vitória, a luta continua e diversos questionamentos surgem: por que não manter a floresta em pé, se já foram apresentadas alternativas? A quem interessa a construção dessa escola especificamente nessa área de Mata Atlântica? A que custo se perde essa floresta?

A supressão da vegetação em um fragmento florestal não causa apenas perda de cobertura vegetal. Ela expõe o solo, interfere no regime hídrico local, interrompe o processo de captura de carbono, leva à morte ou afugentamento de fauna e perda de habitats, além de aumentar o efeito de borda e aproximar atividades humanas, que são vetores de degradação. Portanto, essa possibilidade deveria nem existir diante os impactos socioambientais.

Defender o meio ambiente é defender a vida. E o engajamento da sociedade é crucial para combater esses retrocessos. A preservação das florestas, dos rios e da fauna não é apenas uma questão de conservação, é uma luta pela sobrevivência de todos nós e das futuras gerações.

Edição: Vinícius Sobreira