O discurso de “renovação” é um clichê do período eleitoral. Mas a renovação é apenas trocar os atuais por outros diferentes? Renovação é só colocar rostos jovens, ainda que suas práticas políticas e seus sobrenomes sejam repetidos? O Brasil de Fato Pernambuco fez um levantamento de perfis de candidaturas jovens, do litoral ao interior do estado, que não são herdeiros de outros políticos.
Ao perguntá-los sobre suas prioridades para um futuro mandato, essas e esses jovens citaram propostas principalmente na área da cultura (mais da metade deles). Em seguida vêm as propostas nas áreas de Esporte e Lazer e de Qualificação, emprego e renda, visando reduzir o elevado índice de desemprego entre os jovens. Propostas nas áreas de participação popular, transporte, segurança e na área de infância e adolescência também apareceram como prioritárias.
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A definição legal de juventude, no Brasil, engloba pessoas com idades até 29 anos (na área urbana) e 34 anos (rural). Como nós buscamos candidaturas jovens urbanas e rurais, do litoral ao sertão, e considerando que a disputa política e eleitoral é um espaço hostil para os mais novos, usamos o teto de 34 anos como critério para considerar um candidato como jovem. Segue abaixo os perfis de candidatos que responderam à nossa reportagem.
Tomás do MST (PT), candidato no Recife
O Recife precisa de lideranças jovens e comprometidas com as causas populares, para dar ânimo e dinamismo para a Câmara de Vereadores, colocando a instituição a serviço das demandas da cidade. Queremos ampliar os espaços de participação e colocar a juventude da periferia no centro das decisões do poder.
Vamos lutar por merenda de qualidade, pela retomada do projeto Escola Aberta nos fins de semana e para que os estudantes da rede pública federal também tenham o passe livre. Vamos combater a violência contra a juventude negra e lutar para que os serviços públicos atendam melhor a população LGBT+.
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Kari Santos (PT), candidata no Recife
A Câmara do Recife precisa de lideranças jovens que tenham compromisso com a juventude periférica e precarizada, que precisa ser ouvida e defendida; não de jovens que ocupam cargos políticos só por pertencerem a clãs familiares.
Queremos uma renovação pela esquerda. Defendemos um ‘Orçamento Participativo Jovem’ e um circuito cultural da periferia, valorizando e incentivando a produção cultural da juventude periférica.
Yasmim Alves (Psol), candidata no Recife
A Câmara precisa de uma liderança jovem, de luta e da esquerda revolucionária, que faça um mandato combativo, democrático e à disposição do povo do Recife. Além de elaborar políticas públicas, vamos fortalecer a auto-organização, as lutas e a participação social no orçamento público.
Lutaremos pela Tarifa Zero no transporte público, que deve ser estatizado e controlado democraticamente pelos usuários e trabalhadores do setor. Também queremos equipamentos públicos de cultura atendendo os 94 bairros do Recife, com seleção de moradores dos bairros.
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João Mamede (PCdoB), candidato em Olinda
Em todos os grandes momentos da história, a juventude porta o estandarte da rebeldia e das transformações sociais. Está na hora de reciclar a política e construir a novidade de um projeto que enfrente as desigualdades em Olinda e defenda a classe trabalhadora.
Sou um lutador social, de esquerda e cria da periferia. Defenderemos a educação pública, o passe livre para estudantes da rede municipal e para os trabalhadores à procura de emprego e a ampliação dos equipamentos públicos de cultura, esporte e lazer de Olinda.
Chris Andrade (PCdoB), candidata em Olinda
Precisamos planejar o futuro de Olinda com foco no desenvolvimento sustentável e na inovação social. A juventude é uma excelente aliada, porque estamos atentas às inovações. Ao incluir no debate os jovens da periferia, promovemos a justiça social e o protagonismo juvenil.
Queremos uma lei de incentivo ao primeiro emprego para os jovens olindenses e defendemos a criação de um centro tecnológico que ofereça formação e direcione para o mercado de trabalho.
Flávia Hellen (PSB), candidata no Paulista
Paulista é uma cidade que cresce, mas pensa pouco em políticas públicas para a juventude, seja nas áreas de formação profissional, cultura ou esporte e lazer. Os jovens saem da cidade para se qualificar e começam a trabalhar também fora da cidade. Temos que mudar essa realidade.
Neste primeiro mandato já criamos uma lei de incentivo ao primeiro emprego e o selo “Empresa Amiga da Juventude”. Queremos a reestruturação da Secretaria de Juventude, a criação do Conselho Municipal de Juventude e um plano de enfrentamento ao extermínio da juventude negra no Paulista.
Vinícius Soares (PT), candidato em Abreu e Lima
É fundamental que jovens ocupem a política com práticas ligadas à transparência, combate à corrupção e compromisso com uma cidade justa e diversa, que pensa em todo mundo e garante o cumprimento da lei.
Vou lutar para que a cidade ofereça cursos de capacitação e preparatórios para os jovens acessarem o emprego e o ensino superior. Defendo que se haja redes públicas de Wi-Fi e que Abreu e Lima impulsione os talentos locais através de leis de incentivo à cultura e ao esporte.
Kaká Bezerra (Rede), candidata em Belo Jardim
Belo Jardim tem 15 vereadores, todos homens e a maioria velhos. Isso se reflete na ausência de políticas públicas para as juventudes da nossa cidade. Sem acesso à cultura ou ao esporte, acabam buscando diversão apenas em bares e festas.
Vamos lutar por mais espaços públicos para promover ações de educação, cultura e esportes, com oportunidades de diversão e lazer para a juventude. Também quero criar o ‘Programa Protege Belo Jardim’, para evitar a gravidez na infância e adolescência, uma realidade preocupante na nossa cidade.
Joelma Carla (Psol), candidata em Surubim
A Câmara de Surubim precisa de renovação e representatividade da juventude, com coragem e comprometimento com as lutas de canto a canto da cidade. Temos que construir políticas públicas que impactam positivamente nossas vidas.
Eu não me sinto representada por esses homens que estão há 20 anos ocupando essas 13 cadeiras. Lutarei por políticas de geração de emprego e economia solidária, além de incentivar a prática esportiva de skate e BMX (bicicross) com profissionais contribuindo com os que estão aprendendo.