Pernambuco

ELEIÇÕES 2024

2º turno: disputas em Olinda e Paulista reforçam duelo entre João Campos e Raquel Lyra visando 2026

Governadora e prefeito do Recife lutam por zonas de influência e podem se enfrentar pelo Palácio do Campo das Princesas

Brasil de Fato | Recife |
PSB de Campos e PSDB de Lyra empatam em número de prefeituras eleitas no estado, com 31 cada, até o momento - Montagem: Fátima Pereira/Brasil de Fato Pernambuco

Entre os seis municípios pernambucanos onde poderia haver 2º turno em 2024, apenas dois tiveram a disputa postergada até o dia 27 de outubro. Nas vizinhas Olinda e Paulista, as candidaturas que avançaram para a segunda etapa, em ambos os casos, são de aliados da governadora Raquel Lyra (PSDB) contra aliados do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que podem se enfrentar na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas em 2026.

As disputas municipais no estado reforçam um cenário de disputa entre PSB e PSDB pelo estado. O PSB, hegemônico há mais de 10 anos, viu seu número de prefeitos eleitos cair de 53 (em 2020) para 31 (2024), mas manteve-se no “topo” da lista. Já o PSDB, que em 2020 fez apenas 5 prefeitos, foi alavancado pela governadora e chegou também a 31.

O número de votos, no entanto, não é tão parecido. Enquanto os candidatos do PSB receberam mais de 1,4 milhão de votos nas disputas por prefeituras, os tucanos receberam 618 mil. Mais da metade dos votos do PSB no estado foram para o prefeito João Campos - mas, ainda que esses votos sejam retirados da conta, o PSB fica com 678 mil votos, à frente do PSDB.

No Paulista, o confronto é direto e evidente. No 2º turno se enfrentam um candidato do PSDB e um do PSB. Quem largou na liderança foi o ex-deputado Ramos Santana (PSDB), que recebeu 74,1 mil votos (44,4%), com apoio aberto da governadora Raquel Lyra (PSDB) e um apoio bastante discreto do impopular prefeito Yves Ribeiro (PT).

O adversário é o ex-prefeito Junior Matuto (PSB), que recebeu 51,2 mil votos (30,7%) e tem apoio do correligionário e prefeito do Recife, João Campos (PSB), e ganhou um vídeo ao lado do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os petistas do Paulista alegam que Matuto, quando prefeito, não fez qualquer esforço pela campanha de Fernando Haddad (PT), em 2018, contra Bolsonaro.

Em Olinda, o confronto é “por procuração”: o PSB de Campos e o PSDB de Raquel não protagonizam, mas compõem as coligações que se enfrentam pela prefeitura. No 1º turno, o vereador Vinicius Castello (PT) recebeu 80,4 mil votos (38,75%) e largou na liderança, contando com o apoio e engajamento de João Campos (PSB) nas ruas e nas redes. O PSB integra a coligação “Frente Popular de Olinda”. O presidente Lula (PT) teve participação tímida, apenas com vídeos.

Do outro lado, a candidata Mirella Almeida (PSD) recebeu 62,3 mil votos (30%) e conta com o apoio tanto do seu padrinho político, o atual prefeito Lupércio Nascimento (PSD), além de um apoio até o momento tímido da governadora Raquel Lyra (PSDB), cujo partido integra a coligação “A Esperança se Renova”.

A força dos padrinhos

Pesquisa do instituto Ipespe, em Olinda, no mês de setembro, apontou o presidente Lula (PT) como o único cabo eleitoral com influência mais positiva do que negativa sobre as intenções de voto de um candidato.

Entre os olindenses, 48% afirmam que o apoio de Lula a algum candidato poderia levá-lo a escolher este candidato, enquanto 21% dizem que tal apoio poderia reduzir sua vontade de votar neste candidato. O saldo é de 27 pontos percentuais. Outros 30% dizem que a posição do presidente não alteraria sua opinião.

Raquel Lyra (PSDB) tem saldo negativo de -11, o menos ruim entre os pesquisados. O apoio da governadora poderia motivar 24% dos olindenses a votar numa candidatura, enquanto teria influência negativa para 35%. Outros 39% não teriam sua opinião afetada. O prefeito Lupércio (PSD) tem um saldo parecido, de -14, com seu apoio tendo impacto positivo sobre os votos de 29% do eleitorado e negativo para 43%. Outros 26% não seriam influenciados.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o nome com pior saldo: -26 pontos percentuais. Entre os olindenses, 26% dizem que o apoio de Bolsonaro poderia levá-los a votar numa candidatura (índice superior ao da governadora), mas a rejeição é ainda maior, com 52% dizendo que o apoio do ex-presidente diminuiria sua inclinação para votar num candidato. Apenas 19% não seriam afetados pelo apoio do ex-militar. A candidata Izabel Urquiza (PL) recebeu esse apoio e ficou com 24,8% dos votos, em terceiro lugar.

A pesquisa não colocou o nome de João Campos (PSB) entre os padrinhos.

Em Olinda, enquanto Vinicius Castello (PT) critica a atual gestão e acusa Mirella de ser a continuidade do governo Lupércio, a candidata do PSD devolve associando o petista ao ex-prefeito Renildo Calheiros (PCdoB), que teve gestões bastante criticadas e que resultaram na eleição do opositor Lupércio.

Edição: Nathallia Fonseca