Neste domingo (27), a população do Paulista, na região metropolitana do Recife, optou pelo candidato Ramos Santana (PSDB) para governar a cidade pelos próximos quatro anos. Neste 2º turno, o candidato conseguiu reunir desde a direita conservadora até lideranças da esquerda local que não se dão bem com seu adversário. O tucano recebeu 120,2 mil votos (73,36% dos votos válidos), superando com folga o ex-prefeito Junior Matuto (PSB), que recebeu 43,6 mil votos (26,6%) e cumpre mandato de deputado estadual até 2026.
As vitórias de Mirella Almeida (PSD) em Olinda e de Ramos Santana (PSDB) em Paulista, neste domingo (27), fortalecem o palanque da governadora Raquel Lyra (PSDB) visando a reeleição em 2026. Seu principal concorrente é o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
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Ramos Santana tem 75 anos, foi sindicalista e, sempre pelo antigo PMN (atual Mobiliza), foi eleito vereador do Recife por dois mandatos e deputado estadual de 2010 a 2014. Acumulava fracassos eleitorais deste então, tanto nas campanhas para deputado estadual (2014, 2018 e 2022), como para prefeito (2016 e 2020), com votações decadentes e nunca tendo chegado ao 2º turno. No último dia 6 de outubro, recebeu 74 mil votos (44,3%) e largou com grande vantagem na disputa pela prefeitura.
O que mudou? Ramos contou com o apoio e o poder de influência da governadora Raquel Lyra (PSDB). O atual prefeito Yves Ribeiro (eleito pelo MDB e posteriormente filiado ao PT), diante de sua impopularidade, alegou problemas de saúde para não tentar a reeleição. Buscou a governadora tucana em busca de uma solução para se manter na vida política a partir de 2025. Após o encontro, Yves encontrou espaço na gestão municipal para abrigar indicados de Ramos. Com o vento a favor, o tucano decolou.
Fato curioso é que Ramos Santana ignorou todos os convites para debates e mesmo sabatinas com jornalistas ao longo destas três semanas de campanha do 2º turno. Portal G1, TV Jornal, TV Tribuna, TV Nova, Rádio Folha e a Rádio Jornal foram alguns canais de comunicação que convidaram o candidato, que faltou a todos. O adversário Junior Matuto, ao contrário, esteve presente em todas as oportunidades, mas foi insuficiente para superar a rejeição da população ao seu nome.
Vitória da rejeição
Também ajudou Ramos o fato de seu adversário ser Junior Matuto (PSB). Em entrevistas concedidas ao Brasil de Fato Pernambuco, coletivos que atuam no Paulista alertavam que o fator “rejeição” seria o que decidiria este 2º turno em favor de Ramos.
Ex-vereador e prefeito por dois mandatos (2012-2020), o fim de sua gestão foi marcado por operações da Polícia Civil, investigando um suposto esquema de corrupção com o dinheiro do recolhimento de lixo da cidade. O caso levou ao seu afastamento do cargo.
Em 2022, o Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) arquivou o processo por falta de provas. Mas o caso marcou a cidade e o nome de Matuto segue com elevada rejeição da população. As pesquisas apontam que 51% dos eleitores “não votariam de jeito nenhum” em Junior Matuto. Seu adversário, por outro lado, tinha 19% de rejeição dos paulsitenses.
Em 2022, após ter seu processo “engavetado” pelo TCE, Matuto recebeu 34 mil votos para deputado estadual, ficando como suplente. Em 2024, durante a corrida eleitoral, a morte do deputado José Patriota (PSB) levou Matuto a assumir o mandato na Assembleia Legislativa, cargo que ocupa até 2026.
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Edição: Vinícius Sobreira