Começa nesta terça-feira (12) o Festival Urbe-se, com atividades gratuitas que unem arte, história e resistência em espaços urbanos do Recife. As atividades, que seguem até a sexta-feira (15), são gratuitas e incluem oficinas, uma exposição e “video mapping” - a projeção de imagens e animações que dialogam com a arquitetura e a história do local. O festival tem três eixos prioritários relacionados à arte: política, tecnologia e a arte urbana.
O Urbe-se busca resgatar as histórias e memórias de luta e resistência democrática associadas a espaços urbanos da cidade. Os locais de projeção de video mapping escolhidos foram o Monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, espaço que homenageia as vítimas e lutadores pernambucanos que combateram a ditadura; a Casa da Cultura, no bairro de Santo Antônio, prédio que funcionou como penitenciária e onde estiveram presas lideranças como Gregório Bezerra; e o Memorial da Democracia, no Sítio Trindade, Casa Amarela, que um dia abrigou o Movimentos de Cultura Popular (MCP), onde se reuniam Paulo Freire, Abelardo da Hora, Anita Paes Barreto, Ariano Suassuna, Luiz Mendonça, Germano Coelho e outros - interditados pela ditadura militar em 1964.
As projeções acontecem a partir desta quarta (13), com a primeira noite de atividades acontecendo das 19h às 22h, na Casa da Cultura - antes, às 18h, no mesmo local, há uma roda de conversa com os artistas. Na quinta-feira o video mapping acontece no Memorial da Democracia, também das 19h às 22h. E na sexta-feira as projeções acontecem no Monumento Tortura Nunca Mais, no centro do Recife.
O artista homenageado este ano é Francisco Brennand, falecido em 2019. Meses antes de partir, o artista visual autorizou o festival a criar uma animação a partir de seu mural “Batalha dos Guararapes” (hoje na rua Antônio Falcão, Boa Viagem), que retrata uma batalha que uniu lideranças militares brancas, indígenas e negras para expulsar os holandeses, num dos eventos considerados “fundadores” da Pátria Brasileira. A primeira edição do Urbe-se aconteceu em 2019.
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A coordenadora do festival, Lúcia Padilha, celebra “o papel político da arte, a associação da arte com os novos suportes contemporâneos” e os prédios onde haverá projeções. “São locais que guardam memórias da cidade do Recife”, diz ela. A programação conta com os artistas Juliana Notari, Clara Nogueira, Maurício Castro, o Coletivo IAE e o Coletivo Mutirão, além dos VJs Gabriel Furtado e Cauê Nascimento (ambos do coletivo Retinantz) e o músico Alex Mono, unindo diferentes linguagens artísticas e gerações de artistas.
Exposição - No casarão histórico do Sítio Trindade, onde hoje funciona o “Memorial da Democracia de Pernambuco”, estará aberta ao público a exposição “Arte, Cidade e Democracia”, com fotografias, mapas, livros e esboços que mostram murais, grafites, esculturas e outras situações “poéticas” que unem arte e o espaço urbano da capital pernambucana. A exposição fica aberta das 11h às 17h, desta terça (12) à quinta-feira (14).
Oficinas - Na quarta e quinta-feira (13 e 14) acontecem as oficinas promovidas pelo festival, fortalecendo a relação da arte com a tecnologia. As atividades acontecem no Memorial da Democracia/Sítio Trindade. Na quarta, das 14h às 17h, Gools VJ facilita a oficina de “VJing e Video Mapping” (a manipulação das imagens em tempo real, como um “DJ de video”) que deve resultar numa obra coletiva; e na quinta-feira, Nahê Pereira facilita uma oficina de grafite das 10h às 17h, resultando num mural coletivo no parque urbano. As inscrições se encerraram no dia 10.
Edição: Vinícius Sobreira