A vereadora Kari Santos (PT), recém-eleita para a Câmara do Recife, usou suas redes sociais para anunciar que está enviando um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, questionando sobre uma possível “fuga” do soldado israelense Yuval Vagdani, que passava férias no Brasil. No dia 30 de dezembro, a Justiça Federal brasileira acatou uma denúncia contra o militar por “crimes de guerra”, mas dias depois o israelense voltou ao país natal sem dificuldades.
A denúncia contra o militar foi protocolada pela Hind Rajab Foundation, organização internacional com sede na Bélgica e que tem como pauta central a defesa dos palestinos. A acusação contra Vagdani é de que ele praticou crimes contra palestinos na guerra em curso na Faixa de Gaza. O conflito, que se arrasta desde a criação do Estado de Israel, na década de 1940, ganhou novos capítulos sangrentos a partir de outubro de 2023. Desde então, já são mais de mil judeus mortos e mais de 45 mil palestinos mortos, a maioria civis.
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A acusação protocolada junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) traz imagens obtidas nas redes sociais de Yuval Vagdani. Nos “prints”, o soldado faz publicações exaltando a destruição da Palestina (“e que continuemos a destruir e esmagar esse lugar fedorento sem parar”), sorrindo enquanto posa para foto, logo após instalar bombas em edifícios residenciais e outros conteúdos do tipo. A vereadora do Recife chama o soldado de “terrorista”. “Eu nem sabia que terrorista tirava férias”, diz Kari Santos (PT).
Menos de uma semana após o processo ser protocolado, o soldado israelense já não se encontrava no Brasil. Ele saiu no último fim de semana (5-6 de janeiro). Segundo o próprio pai de Yuval Vagdani, em reportagem publicada no jornal israelense Hareetz, o soldado viajava pela Bahia quando foi alertado sobre a investigação. A Embaixada de Israel no Brasil também o ajudou na fuga do país. “Isso é muito estranho. Como ele soube que estava sendo investigado? Quem ajudou ele a fugir?”, questiona a vereadora petista.
Kari Santos pede ao Ministério da Justiça e ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) que seja apurado quais foram os atores envolvidos no vazamento de informações para o soldado e na operação para retirá-lo do Brasil. “Não podemos deixar que afrontem as instituições brasileiras dessa forma”, diz ela. A vereadora do PT é envolvida com a causa do povo palestino localmente.
Com população estimada em 5 mil pessoas, a comunidade palestina do Recife é a 2ª maior comunidade de descendentes palestinos no Brasil, atrás apenas de São Paulo (SP).
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Edição: Vinícius Sobreira