O foco desses bolsonaristas é causar pânico. É a política como vale-tudo e território de ódio.
Não foi preciso esperar muito para vermos o clima que a nova bancada bolsonarista na Câmara do Recife quer impor. A legislatura mal começou e vimos acontecer desrespeito, provocações e notícias falsas em discursos oficiais no plenário da Casa de José Mariano. Não surpreende porque é a linguagem comum usada pelas figuras da extrema-direita.
Já na primeira sessão, o vereador Thiago Medina, do PL, usou a tribuna para ataques. “Vocês não têm o meu respeito, para vocês apenas o meu total desprezo”, ele disse, direcionado a parlamentares de esquerda. Já Gilson Machado Filho, também do partido de Bolsonaro, fez do discurso oficial uma plataforma de mentiras sobre a taxação do Pix.
Com toda a arrogância de quem acha que pode falar e fazer o que quiser e não responder por esses atos, a bancada da extrema-direita leva desinformação para a Câmara. Na mesma linha, nas últimas semanas, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) viralizou e provocou comoção social com um vídeo repleto de informações deliberadamente distorcidas sobre a normativa da Receita Federal.
O foco desses bolsonaristas é causar pânico, manipular a opinião pública para desestabilizar o governo e fazer avançar suas visões reacionárias. A mentira e o desprezo ao que é diferente é a base do discurso desses parlamentares.
É a política como vale-tudo e território de ódio. É esse tipo de pensamento que alimenta atos como os do 8 de janeiro de 2023, golpes de estado e planos de assassinato de um presidente eleito democraticamente.
Não foi à toa que já nos primeiros dias do nosso mandato submetemos o “Pacote da Democracia”, com um projeto de lei para proibir e revogar homenagens aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Também não foi à toa que quando fui deputada nas Juntas, na Assembleia Legislativa, um dos nossos primeiros projetos foi para proibir homenagens a torturadores. São ações para barrar esse tipo de postura de quem usa a nossa jovem democracia para disseminar mentiras, retrocessos, golpismo e perseguição de minorias.
O meu desafio enquanto representante de movimentos sociais, representante da militância de esquerda que quer garantir justiça social, acesso a direitos e uma vida melhor para toda a população, é fazer frente à postura dessas figuras. E sempre soubemos que não seria fácil.
Mas para chegar onde estou hoje foram anos de luta, de militância, de construção coletiva com o povo trabalhador e de vivência no legislativo estadual. Minha trajetória de vida e de lutas sociais me inspiram todos os dias para fazer um mandato que faz a boa política, que respeita o povo e as instituições, que representa os interesses da população e os direitos de todas as pessoas.
Por isso, não vou me deixar silenciar, nem permitir ataques de bolsonaristas que acham que a tribuna e o plenário são equivalentes às caixas de comentários de redes sociais e aceitam facilmente qualquer palavra.
Meu compromisso de todo dia, como a única mulher negra na Câmara, em uma cidade em que mais de 60% da população se declara negra, como ambulante, como militante Sem-Teto, como representante de um mandato independente, é construir com diálogo todos os projetos que forem em benefício do povo, com o devido respeito que a instituição legislativa exige.
Quando fui eleita pela população do Recife para a Câmara, eu assumi a missão de levar as lutas que eu faço há anos para o legislativo municipal, como o direito à moradia digna, segura e acessível; à segurança alimentar; à renda básica. Pautas que eu defendo porque elas atravessam a minha própria história, que tem muito em comum com a história da maioria da população da nossa cidade.
Para que esses interesses sejam a prioridade, precisamos estar firmes também na defesa da democracia, dos direitos políticos, das instituições. Ainda que não sejam perfeitas, é por elas existirem que estamos aqui e podemos lutar e construir a cidade que queremos e um Brasil mais justo.
Reforço meu compromisso em ser uma voz que não se cala. Voz de resistência, esperança e da luta por um Recife mais justo e igualitário.
Uma voz que ecoa pelas ruas, pelas comunidades e, agora, com ainda mais força, pelos corredores da Câmara Municipal.
Edição: Vinícius Sobreira