Pouco após as eleições municipais de 2024, militantes ligados à deputada estadual Dani Portela (Psol) divulgaram uma carta anunciando a desfiliação coletiva da sigla. Entre eles, Jesualdo Campos, marido da deputada. Portela recebeu 35,1 mil votos (3,8%) e ficou em 3º lugar na disputa pela capital pernambucana, mas seu grupo vivia em tensão com a atual presidência estadual da sigla, encabeçada por Samuel Herculano.
A debandada se dá num momento de crise do partido no estado. A chapa de vereadores do Psol recebeu 25,7 mil e perdeu uma cadeira na Câmara Municipal do Recife, ficando com apenas uma (a militante sem-teto Jô Cavalcanti). A votação representa uma perda de quase 30% dos votos em relação aos 36,4 mil obtidos em 2020. Entre as duas disputas municipais, na eleição 2022 o Psol superou os 100 mil votos para deputado federal e os 80 mil votos para deputado estadual.
Em entrevista ao Brasil de Fato Pernambuco, o político e comunicador Ivan Moraes Filho (Psol), vereador do Recife de 2017 a 2024, avalia que sua sigla “vive um momento de reconstrução”. “O pessoal de Dani já saiu do partido. A gente acredita que Dani está esperando uma janela. Ela compreendeu que talvez tenha melhor sucesso em outros lugares. Eu não questiono”, diz ele. Moraes sugere que a militância “não deve alimentar intrigas” com o campo progressista, pontuado por ele como “PT, PCdoB, Psol e até um pedacinho do PDT e do PSB”. “Na sociedade a gente ainda é minoria”, pontua. Assista à entrevista na íntegra.
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Ivan Moraes não disputou a eleição de 2024 por opção, cumprindo uma “promessa” de que passaria no máximo 8 anos no cargo legislativo, por não considerar saudável para a pessoa e nem para a política que se fique mais de 8 anos na cadeira. Mas Moraes deseja disputar a eleição de 2026, só não sabe ainda em que espaço da chapa do Psol ele estará. “Vou conversar com as minhas amizades, com quem faz política comigo e com os dirigentes do meu partido. Vou conversar principalmente com a sociedade civil que me move, com as organizações da sociedade”, explica.
O ex-vereador também opina sobre mudanças de comportamento necessários para a sociedade civil e também para os partidos e políticos, visando fortalecer os representantes da população comum nos espaços de poder. “Quem está na luta todo dia, na rua, no seu território, no seu tema, não pode abrir mão de participar das disputas partidárias e eleitorais. E quem está focado na disputa partidária e eleitoral precisa compreender que essa disputa sozinha não produz o resultado esperado”, diz ele, que espera ver o Psol apresentando uma alternativa a João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSDB).
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A entrevista foi ao ar no Trilhas do Nordeste, programa semanal de entrevistas do Brasil de Fato Pernambuco. O Trilhas vai ao ar todas as segundas-feiras, às 19h45, na TVT São Paulo (canal 44.1) e no Youtube do Brasil de Fato Pernambuco.
Edição: Vinícius Sobreira