No Diário Oficial do Estado de Pernambuco desta terça-feira (21), a governadora Raquel Lyra (PSDB) reconhece situação de emergência em 117 (60%) dos 194 municípios pernambucanos. A emergência se dá pelo longo período sem chuvas, o que tem deixado os reservatórios de água da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) em níveis muito baixos.
A lista tem alguns dos maiores municípios do estado, como Petrolina, Caruaru, Cabo de Santo Agostinho, Vitória de Santo Antão, Ipojuca, Santa Cruz do Capibaribe, Serra Talhada, Araripina, Gravatá e Belo Jardim. Esta é uma ampliação da lista, que em dezembro já tinha 94 municípios em situação de emergência.
O decreto de emergência tem validade de 6 meses e visa colocar os municípios numa lista de prioridades para medidas de socorro dos poderes públicos estadual e federal. “É um momento muito crítico, de estiagem severa, e com esse decreto poderemos agilizar as medidas de socorro à população, principalmente da Região Metropolitana e do Agreste”, disse a governadora Raquel Lyra.
Leia: Centro Sabiá, de Pernambuco, vence prêmio da ONU por tecnologia de reúso da água no Semiárido
No norte da Bahia, primeira região árida do Brasil tende a aumentar e pode afetar Pernambuco
Instituto oferece bolsas para nordestinos com pesquisas relacionadas ao bioma Caatinga
O decreto publicado nesta terça traz duas listas: uma com 93 municípios cuja crise afeta a zona rural e outra com 51 municípios cuja emergência se dá na zona urbana. O cruzamento das listas mostra que há 27 municípios pernambucanos cuja seca está afetando o abastecimento de água tanto nas zonas urbanas como nas rurais.
A lista inclui 22 municípios com mais de 50 mil habitantes. São eles: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Moreno (na Região Metropolitana); Vitória de Santo Antão e Escada (na Zona da Mata); Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Gravatá, Belo Jardim, Surubim, Pesqueira, Bezerros, Limoeiro, Buíque, São Bento do Una e Brejo da Madre de Deus (no Agreste); Petrolina, Serra Talhada, Araripina, Arcoverde, Ouricuri e Salgueiro (no Sertão).
A nível estadual, as ações para enfrentar a estiagem são responsabilidade da Compesa como pela Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento, encabeçada por Almir Cirilo; pela Defesa Civil; e pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). O comunicado enviado à imprensa, no entanto, informa que as ações se limitam a monitorar os reservatórios, emitir previsões climáticas e planejar a assistência à população.
No Agreste, a barragem do Jucazinho, em Surubim, está em colapso, com apenas 5,8% do seu volume de água. Em Paudalho, a barragem de Goitá, que abastece parte da Região Metropolitana, está ainda pior: com 4,6% do seu volume. As barragens Bita e Utinga, no Ipojuca, região metropolitana, estão respectivamente com 19% e 9,7% do seu volume.
A Apac avalia que o estado enfrenta uma seca moderada ou grave em parte do território e a previsão para o trimestre que vai de janeiro a março é de chuvas abaixo da média. “Será um trimestre seco para a Região Metropolitana, Zona da Mata e Agreste. No Sertão, onde seria a estação chuvosa, podem ocorrer pancadas de chuva isoladas e de intensidade moderada a forte, mas concentradas em poucos dias, seguidos de períodos secos”, diz Crystianne Rosal, diretora de monitoramento do órgão.
O presidente da Compesa, Alex Campos, avisou que o racionamento de água deve perdurar até o início do período de chuvas no estado. “Temos adotado medidas de contingenciamento e execução de ações emergenciais que garantam a continuidade da distribuição de água até a recuperação dos níveis das barragens, esperada para o inverno”. Ele pede que a população “se envolva na questão do uso racional da água”.
Cirilo espera que o decreto de emergência faça acelerar serviços e obras de abastecimento de água para estes municípios. “As grandes obras que trazem água de longa distância, como as do Rio São Francisco ou da Zona da Mata Sul para o Agreste, estão progressivamente chegando às cidades e ao longo deste ano trarão grandes benefícios para minimizar os impactos das estiagens prolongadas”, avaliou o secretário estadual de Recursos Hídricos.
O Governo de Pernambuco avalia que têm dado prioridade aos investimentos em infraestrutura de abastecimento. Em dois anos de mandato, foram entregues 20 sistemas simplificados de abastecimento e foram recuperados e instalados 300 dessalinizadores, que atendem a pequenos grupos populacionais. Está previsto para este ano a construção de outros 400 dessalinizadores e a instalação de 600 poços.
Mesma seca, mas realidades diferentes
Na Região Metropolitana do Recife, as situações de emergência de abastecimento estão nas zonas urbanas. A situação já é grave em quatro municípios: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Moreno e Araçoiaba.
Na Zona da Mata são 13 municípios em situação de emergência, todos eles com problemas de abastecimento em áreas urbanas e Pombos com crise também na zona rural. Aparecem no decreto os municípios de Vitória de Santo Antão, Escada, Ribeirão, Nazaré da Mata, Belém de Maria, Camutanga, Chã Grande, Chã de Alegria, Ferreiros, Macaparana, Timbaúba e Vicência.
No Agreste a lista é de 48 municípios e o problema aparece de maneira igual nas zonas urbanas rurais. Metade (24) dos municípios em emergência estão em crise de abastecimento hídrico tanto nas zonas urbanas como nas rurais. Estão nesta lista Caruaru, Gravatá, Belo Jardim, Bezerros, Limoeiro, Surubim, Bom Jardim, Toritama, Calçado, Capoeiras, Cumaru, Frei Miguelinho, João Alfredo, Lajedo, Orobó, Paranatama, Poção, Passira, Riacho das Almas, Sairé, Saloá, Santa Maria do Cambucá e Taquaritinga do Norte.
Leia também: Aprovada no Senado, política para recuperação do bioma Caatinga segue para a Câmara
Bancos públicos oferecem R$8,8 milhões para projetos de restauração ecológica do bioma Caatinga
No Sertão pernambucano, indústria do gesso cava sua própria cova com devastação da Caatinga
Ainda no Agreste, a lista dos que estão em emergência apenas na zona rural tem 18 municípios, entre os quais Brejo da Madre de Deus, Santa Cruz do Capibaribe, Pesqueira, São Bento do Una, Buíque, Sertânia e outros 12. Apenas 6 municípios aparecem com crise exclusivamente na zona urbana.
Já no Sertão a situação se inverte em comparação ao litoral. Entre os 50 municípios listados em situação de emergência, todos estão vivendo crise hídrica em suas zonas rurais, sendo 48 deles exclusivamente nestas áreas e apenas dois com crises também nas zonas urbanas. Os que vivem crise nas áreas urbanas são Vertentes e Vertente do Lério.
Já na lista dos sertanejos que estão em situação de emergência exclusivamente nas zonas rurais estão Petrolina, Serra Talhada, Arcoverde, Araripina, Ouricuri, Salgueiro, Afogados da Ingazeira, Afrânio, Belém do São Francisco, Betânia, Bodocó, Cabrobó, Floresta, Orocó, Parnamirim, Petrolândia, Santa Maria da Boa Vista, Tabira, Triunfo, Granito e 30 outros.
Veja abaixo a lista de municípios, por região.
Edição: Vinícius Sobreira