Pernambuco

VISIBILIDADE TRANS

‘Eu vejo a tela como uma extensão do meu corpo’, diz artista Fefa Lins

Pintor pernambucano tem obras nos acervos da Pinacoteca de São Paulo, o Banco Nordeste e o Museu da Diversidade Sexual

Recife (PE) |
O artista recifense Fefa Lins considera as telas como uma extensão do seu corpo - Hannah Carvalho

Ao longo dos últimos anos, o artista pernambucano Fefa Lins tem documentado a sua transição de gênero através da sua arte, levando a representatividade dos corpos trans para alguns dos espaços mais prestigiados das artes visuais no Brasil. Suas obras estão em acervos do Masp, da Pinacoteca de São Paulo, do Banco do Nordeste (no Ceará) e do Museu da Diversidade Sexual (em São Paulo). Ele já é referência artística, além de liderança política para o “movimento T”.

Nascido no Recife, Fefa começou a se destacar com obras que misturam técnicas tradicionais de pintura com a representação de vivências transgênero - muitas delas autorretratos. “Eu imagino a tela como extensão do meu corpo. Ela é um corpo próprio, mas também é extensão das minhas inquietações”, diz ele, que escolhe as cores de acordo com momentos da vida e seus processos de autoconhecimento. Mas suas obras não retratam apenas sua jornada pessoal. Elas também abrem espaço para discussões sobre identidade e inclusão.

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O artista concedeu entrevista ao Brasil de Fato Pernambuco, quando falou de sua trajetória, seus processos criativos e a importância de ocupar espaços que dão visibilidade às questões trans. “Estar em museus importantes é emocionante, ainda mais sendo do Recife (PE). Nós, artistas do Norte e Nordeste, temos sempre que migrar para São Paulo, porque é lá que está o dinheiro”, reflete.

Mas a obra de Fefa também pode ser contemplada na sua cidade natal. “No Recife estou com a exposição ‘Um plano de corte’, na Torre Malakoff”, diz ele. A exposição está aberta ao público até o dia 28 de fevereiro. Assista à entrevista completa abaixo.

Engajado politicamente em debates pela garantia de políticas públicas para pessoas trans, Fefa divulgou em outubro de 2024 a “Carta aberta de pessoas trans e travestis para a Secretaria de Cultura de Pernambuco”.

O texto reivindica que, nas seleções dos editais de fomento cultural, os projetos de pessoas transmasculinas e não-binárias tenham a mesma cota (paridade) de acrésimo na nota ou de reserva de vagas que as mulheres (cis e trans). Ao transicionar de gênero, Fefa saiu de uma cota de 20% para 5%. “Por que pessoas transmasculinas precisam de menos apoio que mulheres cis e trans?”, questiona.

A entrevista foi ao ar no Trilhas do Nordeste, programa semanal de entrevistas do Brasil de Fato Pernambuco. O Trilhas vai ao ar todas as segundas-feiras, às 19h45, na TVT São Paulo (canal 44.1) e no Youtube do Brasil de Fato Pernambuco.

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