Após duas madrugadas seguidas de chuvas no litoral pernambucano, um acumulado de 200 milímetros cúbicos - a maior chuva da história do Recife para o mês de fevereiro, o estado chega à quinta-feira (6) contabilizando sete vítimas fatais em consequência das chuvas. A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) anunciou que o abastecimento de água está prejudicado em 18 municípios da região metropolitana e da zona da mata.
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No bairro do Passarinho, zona norte do Recife, um deslizamento de barreira matou mãe e filha durante a madrugada. Ainda na quarta, no bairro da Estância, zona oeste, um corpo de um homem arrastado pela correnteza foi encontrado sem vida. No Paulista, uma jovem morreu também por choque elétrico Outra vítima foi um homem no município de Camaragibe.
Na quarta-feira, em Jardim São Paulo, zona oeste do Recife, um jovem voltava do trabalho para casa, numa rua alagada, quando se apoiou no muro de uma casa abandonada e foi eletrocutado. Mais cedo, pela manhã, outro jovem transitava na calçada do antigo Colégio Americano Batista, na Boa Vista, quando caiu morto. Testemunhas alegam choque elétrico, mas a Companhia Elétrica (Celpe) nega que haja vazamento de energia no local.
As aulas seguem suspensas nas redes de educação estadual e na maioria dos municípios da Região Metropolitana do Recife. Atividades suspensas também na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nos campi Recife, Vitória de Santo Antão e com possibilidade de suspensão em Caruaru, a critério dos coordenadores locais.
Na tarde desta quinta-feira (6), a Prefeitura do Recife reduziu a situação de “alerta máximo” para “estágio de alerta”, com perspectivas de redução das chuvas. Goiana (com 234 mm³), Igarassu (217 mm³) e Abreu e Lima (201 mm³) foram os municípios mais atingidos.
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Governadora Raquel Lyra e vice Priscila Krause em conversa com técnicos da Apac em Pernambuco / Miva Filho
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), pediu que as pessoas evitem deslocamentos desnecessários. “No momento não é recomendado o deslocamento pela cidade. Há duas exceções: as pessoas que trabalham em serviços essenciais e as que vivem em áreas de risco, que devem ir para locais seguros. Reforçamos o pedido para que as pessoas busquem abrigos em segurança”, disse o Campos, citando ainda que a Prefeitura do Recife está com 10 abrigos que somam 800 vagas.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) visitou a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) e o Centro de Comando e Controle (Cicce). “Lamento e me solidarizo com as famílias que perderam seus entes. Seguimos trabalhando para garantir o restabelecimento da normalidade e a identificação de áreas de risco”, afirma Lyra, destacando ainda que o Corpo de Bombeiros resgatou mais de 350 pessoas desde terça-feira (4).
O temporal é consequência de um fenômeno chamado de vórtice ciclônico de altos níveis (Vcan), uma formação meteorológica que pode alcançar centenas de quilômetros de extensão. O fenômeno é comum nas proximidades da costa do Nordeste, ocorrendo em região mais oceânica durante os meses de inverno, mas se aproximando do continente nos meses mais quentes.
Desabastecimento de água
A Compesa afirma que há 18 municípios com suspensão total ou parcial do abastecimento de água, alguns por possibilidade de as chuvas terem contaminado a água (turbidez) e outras por bombas de abastecimento terem sido afetadas por quedas de energia elétrica.
Na Região Metropolitana, 10 dos 14 municípios foram afetados: Recife (12 bairros das zonas Norte e Oeste), Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Moreno, Camaragibe, Igarassu e Abreu e Lima.
Na RMR, apenas São Lourenço da Mata, Itapissuma, Araçoiaba e a Ilha de Itamaracá não foram afetadas.
Na Zona da Mata, até o momento são oito os municípios com abastecimento afetado: Goiana, Vitória de Santo Antão, Carpina, Aliança, Timbaúba, Itaquitinga, Belém de Maria e Barreiros.
Abrigos
A Defesa Civil do Recife está com 12 abrigos para pessoas que vivem em áreas de risco ou que tiveram suas moradias afetadas pelas chuvas. O Abrigo do Gusmão, no bairro de São José, no centro do Recife. São cinco abrigos na Zona Norte: nas escolas municipais Diácono Abel Gueiros (Macaxeira), Paulo VI (Linha do Tiro), Alto da Guabiraba (Brejo da Guabiraba) e Água Fria (Água Fria), além do Oratório Divina Providência, da Igreja Católica (na Campina do Barreto).
Prefeitura do Recife está com 10 abrigos para pessoas atingidas ou que vivem em áreas de risco na capital / Edson Holanda/Prefeitura do Recife
Na Zona Oeste há mais três centros religiosos que se dispuseram a receber atingidos pelas chuvas: as Igrejas Batistas do Caçote (em Areias), do Coqueiral e a Nacional (ambas no Coqueiral), além da Escola Municipal Célia Sales (Várzea) e no Centro Social Bidu Krause (no Totó). Na Zona Sul, apenas a Escola Municipal Professor Florestan Fernandes (Ibura).
Contatos da Defesa Civil na RMR
Recife - 0800 081 3400
Olinda - 0800 081 0060 ou (81) 99266-5307
Paulista - (81) 99784-0270 ou (81) 3371-7992
Jaboatão - (81) 99195-6655 ou (81) 3461-3443
Cabo de Santo Agostinho - 0800 281 8531
Camaragibe - (81) 99945-3015 ou (81) 2129.9564
Ipojuca - (81) 99231-8607
São Lourenço da Mata - (81) 98338-5407
Moreno - (81) 98299-0974 e (81) 98128-2018
Abreu e Lima - (81) 97347-2443
Igarassu - (81) 99460-9073
Itamaracá - (81) 3181-2490
Edição: Vinícius Sobreira