carnaval

'Milton Nascimento é um rei negro brasileiro', diz Teresa Cristina sobre escolha da Portela em homenagear músico

Agremiação escolheu cantor mineiro como homenageado para tema do samba-enredo deste ano na Sapucaí

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
No centenário da Portela, em 2023, Teresa Cristina desfilou ao lado da matriarca da escola, Tia Surica. - Divulgação/Portela

Já em clima de Carnaval, nesta quinta-feira (13), a escola de samba carioca Portela fará uma apresentação no Rio de Janeiro (RJ), dando o tom de como será seu desfile oficial na Sapucaí. Sob comando de Teresa Cristina, a agremiação leva ao palco Milton Nascimento, o homenageado pela escola no tema deste ano.

O samba-enredo traz no título uma referência às canções do compositor mineiro: Cantar Será Buscar o Caminho Que Vai Dar no Sol. Ao longo da letra, diversos trechos de outras músicas do artista são citadas.

“A mensagem da Portela é que a gente deve homenagear os nossos deuses, os nossos reis. O Milton é um rei negro brasileiro, que traz a negritude na sua obra de uma maneira muito linda”, comenta Teresa Cristina ao Brasil de Fato

A cantora revela que nos ensaios, unindo a banda de Milton com a dela, houve uma sintonia, embora as canções originais não sejam na levada do samba.

“Construindo o show junto com ele, eu pude perceber que o samba também tá dentro da obra dele. O samba se encaixou perfeitamente nas canções”.

A apresentação da Portela acontece no espaço Vivo Rio e conta com a participação de Criolo, Simone e Maria Gadú. Os ingressos podem ser comprados neste link.

Cristina enaltece a escolha da escola em homenagear Milton ainda com o artista vivo. “O melhor de tudo: flores em vida. O Brasil se torna um país mais rico com a obra dele. A Portela tá mostrando que a cultura brasileira tem que ser valorizada sim”, afirma citando a composição de Nelson do Cavaquinho.

Grammy

A cantora também comentou sobre o episódio ocorrido no Grammy deste ano, quando Milton Nascimento, um dos candidatos à premiação, não teve um assento reservado no local destino aos artistas participantes

“O que aconteceu no Grammy foi uma vergonha. A história do Milton, o tamanho dele, a importância para musical mundial é gigante, não é só para o Brasil. O Grammy perdeu uma oportunidade de enriquecer o evento”.

Milton Nascimento concorria na categoria Melhor Álbum Vocal de Jazz com a artista estadounidense Esperanza Spalding.

A equipe do cantor mineiro fez uma publicação explicando o caso.

“Um dia antes, quando observamos os convites, constatamos que a Academia havia destinado um lugar para Esperanza nas mesas, enquanto destinaram para a lenda brasileira um lugar na arquibancada, desconsiderando não só toda a sua trajetória e prestígio em todo o mundo, como a sua idade avançada e impossibilidade de subir ou descer escadas".

“Quando questionados pela equipe de Esperanza, alegaram que ficariam nas mesas apenas os artistas que eles queriam no vídeo”, afirma a nota que termina explicando que, por isso Milton Nascimento optou por não ir ao evento.

O cantor já foi indicado cinco vezes ao Grammy, tendo sido vencedor em 1998 na categoria Melhor Álbum de Música Global, pela obra Nascimento.
 

Edição: Nathallia Fonseca