O ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, assegurou nesta quinta-feira (13) aos seus apoiadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que Kiev continuaria forte contra a Rússia, depois que os Estados Unidos iniciaram negociações de paz com Moscou. “Nesta fase, a mensagem é que continuamos, somos fortes, somos capazes, somos capazes, vamos cumprir”, disse o ministro ao se reunir com membros da Otan em Bruxelas.
Na quarta-feira (12), o presidente russo Vladimir Putin disse ao seu homólogo estadunidense, Donald Trump, em uma ligação telefônica, que “negociações pacíficas” sobre o fim do conflito na Ucrânia são possíveis.
Após a conversa com Putin, Trump ligou para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que acenou com "disposição de trabalhar juntos no nível da equipe”, acrescentando que estava "grato ao presidente Trump por seu interesse no que podemos realizar juntos".
A vice-presidenta da Comissão Europeia, Kaja Kallas, criticou nesta quinta-feira Washington por fazer contatos antecipados com Moscou e disse que qualquer acordo sobre a Ucrânia sem o envolvimento da Europa "não funcionará". “Qualquer acordo pelas nossas costas não funcionará, [qualquer acordo] precisará também da Ucrânia e da Europa como parte dele”, disse.
O governo dos Estados Unidos, por sua vez, negou nesta quinta-feira que o diálogo entre Trump e Putin para tentar acabar com guerra na Ucrânia representaria uma "traição" ao país, embora os aliados europeus tenham exigido uma participação na negociação.
"Não há traição", afirmou o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, ao chegar nesta quinta-feira à sede da Otan, em Bruxelas, para uma reunião de ministros da aliança militar.
Além do anúncio de Trump, os aliados europeus da Otan ficaram ressentidos com o fato de o presidente estadunidense ter negociado diretamente com Putin, sem prometer à Ucrânia um lugar na mesa de negociações. Hegseth afirmou que todos os membros da Otan reconheceram que os "Estados Unidos estão comprometidos com uma paz negociada", para acabar com o conflito entre russos e ucranianos.
Pouco antes de receber Hegseth, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que era "crucial" que a Ucrânia esteja "estreitamente envolvida" em tudo que diz respeito ao país.
Na sede da Otan, o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, considerou "lamentável" que Washington já tenha feito "concessões" antes da instalação formal da mesa de negociações. "Teria sido melhor falar sobre a possível adesão da Ucrânia à Otan, ou a possível perda de território ucraniano na mesa de negociações", acrescentou o ministro alemão.
Na quarta-feira, Hegseth afirmou na Otan que um eventual processo de paz deve começar pelo reconhecimento de que um retorno às fronteiras da Ucrânia de antes de 2014 é "um objetivo pouco realista". Isto significa que Kiev deveria pelo menos renunciar à península da Crimeia, sob controle de Moscou desde aquele ano.
Rússia planeja reunião
O Kremlin disse nesta quinta-feira que se surpreendeu com a postura de Trump e anuciou que planeja uma reunião presencial entre o presidente dos EUA e Vladimir Putin.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse existir "vontade política" tanto pela parte russa quanto do lado estadunidense para alcançar um acordo e encerrar a guerra.
"Há uma vontade política que foi enfatizada durante a conversa de ontem para conduzir um diálogo em busca de um acordo", disse. "O governo anterior dos EUA defendia a opinião de que tudo precisava ser feito para manter a guerra. O atual governo, pelo que entendemos, adere ao ponto de vista de que tudo deve ser feito para acabar com a guerra e para que a paz prevaleça", afirmou Peskov.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito
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