Localizada a 400 quilômetros da capital São Luís, a cidade de Buriticupu (MA) decretou estado de calamidade pública por conta do avanço de um processo erosivo chamado voçoroca, que deixa em risco pelo menos 250 casas, segundo a prefeitura.
Este tipo de fenômeno ocorre normalmente em solo do tipo arenoso, conhecido também como "solo leve" devido à composição ter maior percentual de areia e menor em argila, comum na região Nordeste. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB) desde 2014, o incidente geológico é registrado no município, exigindo ações das autoridades públicas.
Com a medida, fica autorizada, por exemplo, a desapropriação de casas "comprovadamente localizadas em áreas de risco de desastre", como cita o decreto. Em alguns pontos, os buracos já avançaram 20 metros em direção às casas.
"Sempre que possível essas propriedades serão trocadas por outras situadas em áreas seguras, e o processo de desmontagem e de reconstrução das edificações, em locais seguros, será apoiado pela comunidade", segue o texto do decreto de calamidade.
Segundo o geofísico Aderson Nascimento, a voçoroca, fenômeno resultado da erosão, acontece pela combinação do efeito da água de forma interna no solo e externa. Isso significa que há ação no lençol freático e da chuva ao mesmo tempo, explica ao Brasil de Fato o professor Titular na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geofísica.
No entanto, ele alerta que a intensidade com que se vê no caso do Maranhão revela que há uma ação humana envolvida.
"Voçoroca é um processo erosivo muitas vezes causado ou aumentado por questões de uso do solo. Tem a ver a forma que a água infiltra e forma esses sucos, que vão crescendo até que formam esses buracos."
"É um processo, digamos assim, que necessita de condições ideais para que aconteça e ele pode ser piorado por uso inadequado do solo", diz o especialista.
Buriticupu faz parte das cidades incluídas no alerta laranja de fortes chuvas emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na sexta-feira (14). Este período do ano é conhecido como "inverso maranhense", por conta da alta intensidade de precipitações.
Segundo o aviso meteorológico, há risco de chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia e ventos intensos (60-100 km/h), em mais de 50 cidades do estado, incluindo São Luís.
*com informações do Núcleo de Comunicação do Serviço Geológico do Brasil, do Ministério de Minas e Energia.
Edição: Thalita Pires
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